quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Quanto custa ter um gato?


Há cerca de um ano estava no meio da estrada e a minha  tutora recolheu-me. 

Estava toda remelada, magríssima e com tantos problemas de saúde que se pensou que não iria sobreviver. 

Mas o certo é que hoje estou aqui e lembro com carinho todo este ano que parece que correu rápido, mas foi cheio de grandes desafios.

Minha tutora já tinha três gatos, mas não se conteve quando me viu ali a pedir-lhe ajuda. 

Estava no meio da estrada e quase fui atropelada. Por causa disso, não gosto do barulho dos carros que passam na estrada. Mas, enfim, quando me vi no seu colo senti que estava salva.
Já fui castrada e vacinada com uma vacina para gatos especiais como eu. Sim, sou especial porque tenho a doença da Sida dos gatos. Não sei se a apanhei na rua ou se foi da minha mãe, o certo é que quando me foi diagnosticado começou então para a minha tutora novos desafios porque não convinha que estivesse perto dos outros gatos que já lá estavam.

Minha tutora fez uma vedação para impedir-me de fugir, mas esqueceu-se de um pormenor. Eu sou uma gata “ninja” e até agora tenho ultrapassado todas as vedações que ela fez.
Eu gosto de ir para cima do telhado e ir dar uma voltinha pelo quintal dos vizinhos. Volto sempre, mas isto preocupa a minha tutora.

Num desses dias disseram à minha tutora que devia ser muito rica para ter tantos gatos em casa. Ah, sim, a minha tutora é muito rica, mas não do jeito que os humanos pensam.

A minha tutora é rica em ideias para me guardar das minhas idas ao telhado, e sim, ela gasta imenso da sua inteligência a tentar desvendar os mil jeitos que eu cá tenho para dar a minha voltinha pela vizinhança. 

Parece que a minha tutora também é imensamente rica em carinho quando me coça a orelha quando estou no seu colo enquanto ela pinta um quadro.

Sim, minha tutora tem grande riqueza por me ter ao seu lado acompanhando-a nas suas lidas pelo quintal. 

Por vezes, deito-me no chão e deixo-lhe fazer festas, o que é também uma imensa riqueza de tempo que não tem mesmo preço material.
E quanto custa ter um gato?

Custa muito e custa nada.

Custa muito, pois quem ama se preocupa e não consegue se ater diante das necessidades de cada gato, pois são todos especiais e únicos.

Custa pouco porque um gato é aquele companheiro que vai partilhando esta vida complicada, tornando-a mais simples.

Descomplicar a vida dos humanos é a vocação de um gato. Basta ir para o colo da minha tutora e ela ri-se, mesmo que esteja triste ou preocupada.

Quando pensares em ter um gato, não te iludas. 

Não são os castelos que fazem os nobres, e um gato é sempre o rei da casa onde mora, seja grande ou pequena. A única coisa que agradece é que tenha uma tigela de comida e água fresca. Para além de uma visita do veterinário uma vez por ano, quanto custa ter um gato?

Custa amar e ultimamente isto de amar é o que é realmente raro de encontrar não apenas para os gatos, mas mais ainda para os humanos.
 (Mariana - 19/12/2019)

"Este blogue não assume qualquer responsabilidade pelo seu conteúdo, pois é apenas uma partilha de vida, das histórias que vivo no dia a dia com os meus gatos. Não tenho qualquer intenção de dar conselhos, especialmente veterinários. Aliás, aconselho vivamente que sempre procure a ajuda de um veterinário se notar alguma alteração nos seus amigos felinos, e nunca desista de procurar esta ajuda especializada. Ainda tão pouco sabemos e a ciência está sempre em contínua mutação. A única coisa que nos resta é a nossa opção de vida!" (Rosária Grácio)


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"A melhor forma de ajudar os animais é adotando-os."
(Rosária Gácio)

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Quando me vem o furacão dos sentidos


Uma das coisas que mais me inquieta são os cheiros, sons e as luzes do quintal que saltitam no meu olhar e focinho, quando me abrem a porta de casa. 

A aventura está a cada ramo de árvore que ao vento dança. Se calhar está lá um pássaro ou bicharoco que eu possa caçar.

Não, não tenho fome pois os meus tutores dão-me tudo. Porém, há cá dentro do peito algo que me inquieta e então mio.

Mio quando a porta está fechada e me dá aquela vontade de ir para o infinito do quintal lá fora. Não sei explicar muito bem porque sinto isso.

Gosto de ficar cá dentro de casa e abraçar as pernas dos meus tutores. Não os magoo. Desde cedo aprendi a tocar-lhes sem usar as minhas unhas. Minha tutora disse que é um dom que tenho. Por mais que estou no colo, as minhas patas delicadamente tocam sem magoar nos meus tutores que escolhi.
Mas a par desta paixão pelos meus tutores, sinto cá dentro uma vontade de me aventurar no mundo lá fora, nem que este mundo seja o quintal junto a casa.

E lá fora, respirar o ar, tentar perceber se o meu espaço foi invadido por algum gato estranho à minha casa.

Detesto isto de andarem estranhos pelo meu quintal. Se os vejo, rosno alto, com os olhos ferozes, atacando todos à minha volta, incluindo os gatos companheiros de casa, que por momentos desconheço.
Nem sei como explicar isso. Parece que nestes momentos de mistura de cheiros, desconheço todos, os da casa e os que não são.

E então demonstro o quanto sou territorial e dominadora. A gata terna e afável que recolhe as unhas para afagar os seus tutores, transforma-se numa "fera indomável" ou “pilha de nervos”, por assim dizer.
Ainda bem que a minha tutora me compreende e me defende nestas horas de confusão mental, talvez o termo certo seja uma "confusão de cheiros" à minha frente que me tira a paz.

Passadas estas tensões que mais parecem um "furacão dos sentidos", eis que volto a recolher-me no quentinho do quarto. Encosto-me ao Jordan ou à Bia, lambo-lhes ternamente e adormeço calmamente como se a fera dentro de mim ficasse lá fora.

Volto a ser a gatinha delicada e linda da minha tutora. Estou novamente em paz!”
(Diana Riscas - 06/12/2019)


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terça-feira, 26 de novembro de 2019

As pingas do tempo…





“O inverno chegou, mas aqui dentro do meu corpinho há um relógio muito certo, faça frio, faça calor. Pelas seis da manhã dá-me uma grande vontade de dar a minha voltinha pelo quintal. Sei que os meus tutores ainda dormem, e se não me fazem a vontade, sou mesmo chato a pedir-lhes…

Vou para cima da minha tutora e ponho-me a cavalgar, miando desesperado. Ela fica chateada e às vezes não me deixa ir.

Será que não veem que preciso dar a minha voltinha no quintal?

Quando me deixam ir, ah que alegria… sinto o ar fresco da porta que se abre… e lá vou, ainda que esteja escuro … 

Mas vou!

Não vou sozinho. A Diana e a Bia já estão em fila para também fazerem o mesmo, aproveitando-se desta nova oportunidade que nos foi concedida.

Cada novo dia é uma bênção que não mais se repetirá! Abrir os olhos pela manhã e ir dar uma voltinha pelo silêncio fresco de uma nova manhã é uma prenda que só quem vive estas coisas é que percebe.

Alguns pássaros já cantam ao longe no meio das árvores. As luzes da rua salpicam reflexos no caminho.

A manhã de um novo dia rejuvenesce o meu corpinho, e estico-me todo de contentamento.


O que me chateia, de vez em quando, é se do lado de fora há pingas de água, essa tal chuva fria que me molha o pelo e não me deixa outra alternativa senão voltar depressa para casa.

Mas queres saber o que mais me dá mais satisfação nessa minha voltinha pelo quintal???

Tenho ao fundo, bem junto a uma roseira uma terra bem fofa, e ali faço um buraquinho para fazer o meu xixi e o cocó…

Eu sei que lá na casa existem as caixas de areia… mas não é a mesma coisa.  Bem bom é fazer a covinha na terra, e depois de terminar, tapar tudo e voltar aliviado.

Me desculpem se digo isto abertamente, mas sou franco a dizer-vos que mais vale este tempinho cá fora que muitas horas dentro de casa.

Depois olho para o outro lado da rua, vejo se tudo está bem e em ordem.

Se não faço isso todos os dias, não fico bem!

Parece maluquice de gato, ir dar a voltinha às seis da manhã pelo quintal… Mas o relógio no meu corpo dá o sinal de que é hora de acordar, respirar o ar fresco da manhã, ver se tudo está bem como no dia anterior e depois retornar…

Sim, depois bem silenciosamente, volto para o meio dos cobertores, junto-me devagarzinho aos pés dos meus tutores e já está!

Obrigada por esta pinga de tempo lá fora.

Aproveita também uma pinga de tempo e respira o ar fresco da manhã do novo dia que começa. É uma nova oportunidade que te é concedida na tua vida, aproveita-a bem!"
(Jordan – 26/11/2019)


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segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Tenha esperança e ame! De resto, tudo se resolve.




“Há muito tempo que não escrevo o que se passa comigo. Nestes últimos meses, a mudança de casa e todas as alterações que foram sendo feitas me fez pensar muito sobre o que é a vida.

Sim, a vida. O que é a vida?

Há cerca de um ano e meio estávamos num pequeno apartamento. Para além disso, andei de veterinário em veterinário por causa de um certo incómodo que tinha junto ao rabinho. Houve uma altura em que fiquei internada, e já me tinham dado sentença de morte: - Nada a fazer!!!! Estava doente e parecia que ia morrer…

Para além disso, os meus companheiros de casa começaram a tratar-me mal e eu tinha de estar num quarto isolada de todos na maior parte do tempo.

Tudo parecia de mal a pior.
Foi então que fomos colocados numa nova casa. Barulho, pessoas estranhas e um vai e vem de novidades todos os dias… Os meses passaram e o que fiz foi viver… sim, viver dia após dia.

E então eis que volvidos estes meses, dei-me conta que a vida é assim uma oportunidade única.

Sim, a vida é uma oportunidade única para vivermos a cada dia, com esperança.

Mesmo que tudo pareça que vai dar errado, e mesmo que todos à nossa volta pareçam distantes da nossa dificuldade, o que realmente interessa na vida?

O que interessa nesta vida é que a precisamos viver, dar passos em frente, apesar das contrariedades, sem perder a esperança.
Como se dizia antigamente, a esperança é a última que deve morrer no nosso coração. 

Mas para além da esperança, temos de amar.

Sim, amar. Ter esperança, só vale a pena, se amamos.

Quando estava sozinha naquele quarto do antigo apartamento, cheia de dores, ficava feliz por ver a minha tutora nem que fosse por alguns momentos ao dia.

Não percebia o que estava a acontecer, e muito menos por quê … 

Percebi que não valia a pena divagar por estas perguntas quando as respostas pareciam doer mais… Optei por viver, dia após dia, sempre acreditando, esperando e amando.
Atualmente estamos todos juntos.  Seja lá o que nos deu na altura para estarmos a brigar uns com os outros, tudo passou e uma nova etapa foi iniciada.

Quanto à minha saúde… nem sei mesmo o que tinha, pois agora quero é viver…

Viver e amar, pois não sabemos quanto tempo ainda nos resta. Nunca se esqueça que a vida é uma oportunidade única e irrepetível.

Por isso, tenha esperança e ame! De resto, tudo se resolve.
(Bia - 2019/11/19)




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(Rosária Gácio)

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Jordan - Um momento a teu lado



Neste tempo de correria  em que os compromissos se empilham, não temos tempo para parar e estar um pouco com quem está ao nosso lado.

Após os últimos meses de mudança de casa, finalmente estou a ter um pouco de calma junto aos meus gatos...

Eles passaram por muitas mudanças, entre o ir e vir dos que trabalharam nas obras e os barulhos diários  que começavam bem cedo e terminavam ao fim da tarde.

Quando o Jordan vem me pedir mimos, eu só tenho de agradecer a Deus por ter esta oportunidade de estar assim, em intensa paz com ele.

Este carinho que dou ao Jordan é uma espécie de calmante natural, em que o tempo para por instantes a sua euforia para estar assim neste silencio relaxante de um gato que se deita a teu lado e aguarda o teu carinho.

Amar os animais é dar-lhes um pouco do nosso tempo e se pudermos dar-lhes cada vez mais tempo, a nossa saúde é que ganha  pois um pouco de paz é preciso  para nos restabelecermos. 

Um bom dia de paz para ti!


terça-feira, 28 de maio de 2019

Só por amor, fico aqui!



Há cerca de algumas semanas, fiz uma divisão no meu quintal para que a Mariana pudesse estar à vontade e fazer os seus passeios sem o risco de estar em contacto com os meus outros três gatos.

Como já contei em artigos anteriores, a Mariana fez exame de sangue quando foi encontrada, e verificou-se que ela tem a Sida dos gatos.

A Sida dos gatos não passa aos humanos, mas pode contagiar outros gatos por meio das mordidas e relações sexuais, bem como toda e qualquer ferida que envolva contacto de sangue.

Estive a estudar muito sobre esta doença, e há quem admita que o risco de contágio é muito pequeno. Conheci casos em que um gato infectado é capaz de conviver por vários anos com outro não infectado, e nunca transmitir a doença.

Brevemente, a Mariana será castrada e penso que assim será mais difícil ocorrer relações sexuais com o meu Jordan. A castração pode também favorecer um ambiente sem tantas guerras territoriais.

Por vezes, fazer a separação entre os gatos que tanto amamos, pode causar muita dor, e confesso que foi complicado no início quando tive de deixar a Mariana sozinha.

No entanto, a Mariana  também foi ocupando o seu espaço, e percebi que ela é muito corajosa e dona de si. 

Por vezes, deixo ela conviver um pouco com o Jordan que é um gato muito amistoso com novos gatos. No entanto, tenho de estar sempre atenta, porque a Mariana quer sempre estar atrás dele a brincar de morder, e tenho receio que o Jordan a morda a valer, já que ele é o mais idoso da casa e já não tem genica para estas brincadeiras de jovens gatos.

Assim sendo, consegui fazer uma divisão onde todos se vêem uns aos outros, e ao mesmo tempo separados. 

De manhã, depois de deixar os outros darem o seu passeio pelo quintal, solto a Mariana da sua casinha onde mora.

Ela desata a correr e começo então a cuidar das plantas, enquanto ela vai de um lado para o outro, fazendo-me companhia de vez em quando.

Percebo que a Mariana gosta muito de interagir comigo, já que não tem mais ninguém para brincar. No entanto, o quintal permite-lhe saltar de um lado para o outro. A laranjeira é o seu pouso predileto, onde ela salta de um galho para o outro, num instante.

Certo dia tive de quebrar a rotina dos doutros dias. Soltei a Mariana, mas tive de a deixar sozinha, porque tinha algumas coisas ainda a fazer em casa.

Os gatos gostam de rotina e para eles, quando fazemos certas coisas, parece-lhes que assim deve ser todos os dias. 

Por isso, a Mariana, quando se viu sozinha no quintal, começou a miar, como que a perguntar-me: - E então? Não vens?

Eu disse-lhe para esperar um pouco que ainda me faltava arrumar umas coisas em casa.

Mas a Mariana continuava a reivindicar a minha companhia.
A dado momento, dei com ela a subir a vedação, quase a ultrapassá-la como que a dizer-me: - Se tu não vens, vou eu aí!

Claro que fiquei assustada, especialmente porque a vedação é alta e ainda mais, a Diana Riscas poderia dar-lhe uma corrida, e ia ser uma confusão geral.

A tempo, a fiz voltar para o chão e fui ter com ela, tratando do jardim, como habitualmente.

E então após uma hora ali com ela, em que fui fazendo isto e aquilo no quintal, é que então deixei-a sozinha, sem qualquer reclamação, ficando o resto da tarde ali a brincar no quintal.

Hoje percebi que aquela vedação não é obstáculo para a Mariana. Então porque ela não o subiu antes?

Só tenho uma resposta a esta pergunta… Um gato, só deixa ficar contigo, por amor. 

Não existe outra resposta possível que possa justificar que um gato se deixe ficar sem ser por amor.

Quando um gato se sente bem ao teu lado, ele obedece e comporta-se por te ama.

Se a Mariana quisesse fugir, já tinha fugido de perto de mim. Mesmo com a vedação toda a volta, a única coisa que a impede de ir embora é por me ama e quer estar ao meu lado.

E já percebi que ela salta a vedação e vai para o telhado num instante, o que me tem inquietado muito. Passado algum tempo ela aparece mas é um risco que eu, neste momento, não tenho como evitar, senão a colocando na sua casinha, sem ir ao quintal, especialmente quando tem o cio.

E à noitinha, quando ela se recolhe na casinha só dela, não posso deixar de ter o momento de carinho com ela, em que faço festas nas orelhas e pescoço, enquanto ela se agarra às minhas mãos.

E ela então deixa-se ficar. Por vezes, chega um ponto que mia quase a dizer-me: - Podes ir para casa, pois eu já estou bem e prontinha para dormir… Obrigada.

E assim deixo-a, enquanto seus olhinhos olham-me ternamente, e ainda digo-lhe: - Até amanhã, Mariana.

Mariana vai ser castrada e nessa altura vai fazer novo exame de sangue para ver se o diagnóstico da Sida ainda se mantém. Sim, há probalidades do teste de sangue antes dos seis meses não ser definitivo. Só depois dos seis meses, é possível confirmar com certeza se um gato está definitivamente infectado com a Sida dos gatos.

Já soube de casos em que o teste depois dos seis meses, deu negativo. E assim, o gato não tinha a Sida dos gatos conforme foi diagnosticado antes dos seis meses.

Mas também, pode o teste dar positivo novamente e a Mariana ter esta doença que afeta tantos gatos de rua.

Um gato infectado com Sida dos gatos pode ser saudável a vida toda, se for bem tratado com uma boa alimentação. Nem sempre esta doença poderá ser fatal, e muitos vivem por vários anos sem que a doença se manifeste. 

A Mariana já recebeu a vacina própria para gatos com Sida, e agora prepara-se para a castração.

Apesar de todas estas preocupações e cuidados, a Mariana é uma bênção que me apareceu no último Natal. 

Já aprendi muito com a Mariana. Ela conseguiu resistir, após ter sido encontrada tão fragilizada, com infecção nos olhos  e no nariz. (Veja aqui o vídeo destes primeiros meses da Mariana),

Há sempre esperança, mesmo que as probalidades indiquem o contrário.

Só o amor poderá fazer a diferença.


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