quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Os gatos e os mitos – Parte II: Será que os gatos não gostam de estar em casa?



(Continuação do artigo anterior que pode ler em

Desde criança estava acostumada a ver os gatos livres na rua. Aliás, a conta disso, até achava “normal” ver os gatos pelos telhados e ruas a correr de um lado para o outro. Um dos mitos que muito falamos dos gatos, é deles gostarem de liberdade e que não se dão em apartamentos ou casas sem acesso à rua.

Uma das gatas do meu marido era realmente dada a andar muito pelos telhados… Isso foi há cerca de mais de vinte anos, nos tempos em que a chamada comida seca ainda era pouco acessível a quem tinha animais de estimação. Quase sempre, quando a gata saía, era à procura de caçar algum bacalhau demolhado que estava à janela de algum vizinho menos atento.

Porém, o tempo passou e apesar de atualmente, haver uma maior proteção legal para os animais, ainda se vêem gatos de um lado para o outro, errantes a viver na rua. Por vezes, até me dizem ter um dono porém há sempre quem os desculpe -“andam por aí, os gatos são assim!”

Mas será que os gatos são assim? Aqui partilho mais uma vez a minha experiência com os meus gatos em casa. Meu apartamento não tem quintal, porém tenho grandes janelas que dão uma vista esplêndida para o céu azul, apesar dos prédios que o tentam tapar.


Quando adotei a minha primeira gata, a Pantufa, a minha maior preocupação, era que algum dia ela me fugisse e saísse de casa quando a porta da rua se abrisse. No início, pensava que a Pantufa ficaria ansiosa por ir à rua e aproveitasse qualquer oportunidade para fugir, pelo que tinha imenso cuidado ao entrar e sair de casa. No entanto, a partir do momento em que a Pantufa entrou na minha casa, ainda pequenina, nunca se aproximou da porta de saída. Aliás, se há uma parte da casa que ela raramente ia, era o corredor que dá acesso à porta de saída para a rua.  Mal esta porta se abria, a Pantufa fugia para um canto escondido da casa. Só com o passar dos anos é que a Pantufa percebeu que esta casa era sua, e que ela dali não saía, pelo que a porta ao abrir, já não a fazia fugir, porém mantinha-se reservada a um canto distante. Se viessem estranhos, ela fugia e se escondia o mais rápido possível.

Por essa altura, tinha também grande medo de ter as janelas abertas e só depois que coloquei uma rede em cada uma, é que fiquei tranquila com os meus gatos à janela. E, além disso, ter as janelas abertas proporciona aos gatos, a meu ver, uma perspectiva de visão melhor com cheiros e sensações que eles apreciam muito. 


O Jordan, é o gato mais dado a querer sair um pouquinho nem que seja até ao andar de cima. Ele, por vezes, desata a correr, outras vezes anda um pouco a cheirar aqui e ali e vai pelas escadas acima e depois deixa-se ficar à porta da vizinha do andar de cima até ser agarrado por mim para traze-lo para casa. Parece um bebé ao meu colo, como que a gostar deste gesto que lhe faço. 

Quando vinham entregar compras a casa, tinha de ter mais cautela, pois ele esgueirava-se pela porta fora sem notarmos, e quando o víamos, já estava no andar de cima.

Então, resolvemos, nestas situações em que a porta ficava mais tempo aberta, optar por prende-lo na casa de banho para evitar estes percalços. Claro que mal, a porta da rua era fechada, logo libertávamos o Jordan. E aos poucos ele foi aprendendo. 

Os gatos são inteligentes e o Jordan percebeu que assim preso na casa de banho ficava sem ver as novidades que vinham pela casa dentro. Então, eis que da última vez que vieram entregar as compras, o Jordan aprendeu a esperar e agora fica encima do sofá a ver tudo o que se passa mas já não tenta sair como antes. Porém ainda hoje, enquanto o meu marido saía para trabalhar, aproveitou-se e foi pelo corredor afora. Deixou-se estar no andar de cima à espera. 

Não sei muito bem porque ele gosta de fazer esse trajeto. Já lhe tentei por uma trela para passearmos um pouco pelas escadas mas ele não ficou muito contente com a trela, acabando por a tirar.


Ainda esta semana, quando vieram-me entregar legumes à porta, pus-me a falar um pouco com a senhora que me veio entregar o cabaz de produtos biológicos.  A dado momento, fiquei preocupada, mas eis que olho para trás e lá estavam o Jordan e a Diana Riscas à espera, acompanhando tudo muito pacientemente.


Por falar na Diana Riscas, esta nunca gostou muito da porta. No início, só de ver a porta a abrir, fugia. Agora mantém-se atenta do lado de dentro a ver tudo com atenção, e nada lhe escapa, seja quem entra ou quem sai.

A personalidade da Diana Riscas tem me surpreendido muito. Apesar do seu jeito independente, parece-me muito dependente da minha atenção e afeto. Ela desafia-me todos os dias para um momento de brincadeira, atirando-lhe bolas para que ela as agarre, e por vezes as traz para eu jogar novamente.

A meu ver, a Diana vai à porta porque é muito curiosa e quer saber tudo o que passa na casa e comigo. Digo comigo, porque quando o meu marido vai à porta, ela não o segue nem fica ali perto, da mesma maneira que faz quando sou eu que abro a porta.

O jordan é um verdadeiro cavalheiro e por isso, a meu ver, ele só vai à porta para certificar-se que tudo fica bem e que não entra nada estranho. Mas, mesmo que venha alguém estranho, ele aproxima-se para cheirar, igual como fazem os cães, e depois fica um pouco a ver como tudo decorre. Apesar dessa aparente aproximação, já houve quem o tentasse agarrar, mas ele não deixou porque desconhecia aquela pessoa.


A meu ver, o Jordan quer mesmo é fazer a sua certificação do espaço, e por isso, ele quer conhecer o cheiro de todos os que entram e de tudo aquilo que é trazido para casa.

Quando trazemos compras, eles vão logo bisbilhotar os sacos, e por vezes, até se metem dentro deles, à medida que são esvaziados.

A Bia é a gata mais receosa e ela geralmente é a última a aparecer diante de pessoas estranhas à casa. Nunca manifestou qualquer interesse por estar perto de desconhecidos  enquanto a porta da rua se mantém aberta.


Por vezes, o Jordan desata a correr pela casa. Ele faz isso especialmente após uma brincadeira com a Diana Riscas ou comigo. Certamente se eu tivesse um quintal, ele correria de um lado para o outro. Talvez fosse o primeiro a se aventurar em novos espaços, mas isso, talvez decorra do facto dele ter sido abandonado, durante algum tempo, num parque de merendas. 

A Diana Riscas foi salva, ainda em bebé, e por isso não gosta da rua e detesta ter que sair quando vai à sua veterinária.

A Bia, igualmente tem grande medo da rua e quando vai à sua veterinária, é sempre uma sinfonia de miados de aflição. Há pouco tempo tivemos de a levar, e até dava dó vê-la tão angustiada. Houve uma altura em que ela fez xixi na transportadora com medo da rua. Penso que o medo dela vem mais do seu receio de ser abandonada novamente na rua.

Por quê a Bia foi à sua veterinária? 


Infelizmente, os gatos quando têm uma vida mais calma, protegidos em casa e sem sujeição a perigos, podem ficar com um pequeno probleminha, que se não for descoberto a tempo, pode complicar a sua saúde e por vezes, até podem ter risco de morte. 

Mas isso, mais em pormenor falarei no próximo artigo, pois há quem diga que os gatos têm sete vidas... Este é mais um mito ou muito conhecido ditado popular, que ainda existe hoje em dia, acerca dos gatos que precisa ser desmitificado...

(continuação no próximo artigo)




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