terça-feira, 27 de junho de 2017

Quando a Lady veio para a minha casa…




(Continuação do artigo anterior)

Quando fomos buscar a Lady, ela ainda era tão pequenina que cabia na palma de minha mão. Vimos um anúncio na net em que alguém estava a dar gatinhos e marcamos um encontro para os ver. Coincidência é que tal encontro foi exatamente muito perto de onde meu marido viveu quase vinte e cinco anos, isto é, junto à Torre dos Clérigos no Porto.

E então, lá veio um jovem rapaz com três gatinhos tão lindos quanto pequeninos nas mãos… Como queríamos uma gatinha, podíamos escolher de duas que lá estavam…

Os olhos de uma das gatinhas eram de um azul muito intenso e quase que de imediato nos apaixonamos por aquele floco de neve com manchinhas castanhas de vários tons…

A Lady era uma gata de raça siamesa. Quando foi para as minhas mãos, ela ficou logo muito encolhidinha e assim a levamos até a nossa casa.

Estava bastante entusiasmada em também dar à Pantufa, uma companheira com a qual pudesse brincar, já que ela ficava muito tempo sozinha em casa.


Quando chegamos, fiz exatamente o que tinha feito à Pantufa. Mostrei à Lady onde era a areia para fazer o xixi e o cocó, bem como o lugar da comida e da água.

A Pantufa, mal nos viu chegar, fugiu e escondeu-se. Mas isso era o normal que fazia quando eu chegava com o Paulo em casa.

Porém, quando a Pantufa sentiu que havia um outro gato em casa, começou a bufar e a fazer miados violentos.

Lembro-me que ela me rosnou e tentou até se atirar a mim.
Fiquei completamente assustada com aquela reação da Pantufa.

A Pantufa nunca me arranhou e o seu olhar era sempre tão terno para mim, que toda aquela mudança de comportamento realmente parecia que ela estava possuída, de tão violenta que ficou, especialmente para comigo…

O Paulo disse-me que isso era normal pois os gatos estranham-se muito nos primeiros dias. Para além disso, era preciso ver se a Pantufa aceitava a Lady pois havia gatos que não gostam de partilhar a sua casa com outros gatos.

Isso doía-me o coração pois já estava a amar a Lady.

Como a Pantufa estava um pouco violenta nas suas reações, temi que fizesse algum mal à Lady.


No início, fiquei com um bocado de medo pois eu tentava defender a minha pequena e indefesa Lady da outra gata Pantufa. Mas parecia que quanto mais defendia a Lady mais a Pantufa se tornava violenta.

A minha casa parecia um campo de batalha gatal.

Eu não sabia o que fazer!

Então, liguei a várias pessoas que pertenciam a associações de animais para que me dessem opiniões do que deveria fazer naquela situação.

No meio dos miados e dos bufos violentos da Pantufa, finalmente alguém me deu um conselho um bocado insólito:

- Não se preocupe. O melhor é deixar as duas sozinhas e afaste-se de perto delas. Se elas não a verem, melhor. Quanto mais a separar uma da outra, pior. É preciso que as duas se conheçam… Faça isso pois eu tenho muitos gatos e é assim que faço quando trago um novo a casa…

Quando ouvi aquilo, a princípio, parecia-me um absurdo…

Como poderia deixar aquele ser tão indefeso e pequenino diante de uma gata de mais de um ano, com o triplo do tamanho?

E para além disso se a Pantufa se virou a mim, então o que não fará com a Lady?

Meu coração estava titubeante diante do que deveria fazer. No entanto, eu teria que deixar a Lady sozinha com a Pantufa no outro dia porque iria trabalhar…

E então, pensei um pouco… Deixei a Lady na sala onde estava a Pantufa e fui para o quarto e fechei a porta… Tinha que tentar ver se resultava… Se ouvisse qualquer miado da pequenina mais aflito, abria a porta e iria logo socorre-la…

(continua no próximo artigo)