quarta-feira, 19 de julho de 2017

Quando amamos, a dor da perda não nos abaixa os braços…


(Continuação do artigo anterior)

Quando cheguei a casa, após a morte da minha querida Pantufa, senti uma espécie de vazio pois já não a via por ali a andar e a olhar para mim.

Por sua vez, a minha outra gata Lady parecia perguntar-me: -  Então, e a Pantufa?


 O coração em luto fica com um espaço vazio. Porém, a vida continua para os que ficam. E se os animais que morrem são agora uma estrelinha no céu, eles dali nos observam e também nos perguntam: 
- E então, vais parar agora?

Por isso, a morte da Pantufa, não foi o seu último capítulo da sua história.

Aliás, a sua memória interminável tinha de prosseguir.

Apesar da morte da minha gata Pantufa ter sido um dos momentos mais dramáticos da minha vida, percebi aos poucos, que ao perdermos um animal de estimação, que adotamos com tanto amor, e que com o qual partilhamos a nossa vida; a melhor forma de homenagear a memória destes anjos de quatro patas, é dar uma nova oportunidade a outros que ali estão à espera de ser adotados.

Se tivemos a oportunidade de amar e ser intensamente amados por um animal, não podemos baixar os braços quando um deles termina o seu ciclo de vida nesta terra.

Na altura da morte da Pantufa, tinha em minhas mãos a Lady, a companheira que conviveu com a Pantufa quase dez anos. Esta gata de mais de nove anos sofria com a inesperada separação que a morte apartou.

E foi assim, que passados alguns dias, eu e meu marido voltamos à clínica veterinária onde faleceu a Pantufa e ali, aonde a Pantufa se despediu de nós, resolvemos adotar outra gata.

Na altura, dissemos à veterinária, que era melhor se a nova gata fosse adulta, pois a Lady que tínhamos em casa já era adulta. Também era bom que esta nova gata não fosse territorial e aceitasse a companhia de outros gatos. E para além disso, desejávamos que esta nova gata fosse cheia de afeto para curar a nossa dor… Meu marido tinha uma doce memória de uma gata que tivera na sua infância, preta e branca, e assim, tínhamos em nosso coração um grande desejo de amar e adotar um novo gato para partilhar com ele, a nossa vida.

Quando se adota um gato já adulto, já se torna mais fácil conhecer a sua personalidade. Quando já temos outros gatos em casa, temos de ter esse cuidado de conhecer um pouco da personalidade do novo gato que adotamos. E para além disso, adotar um gato já na idade adulta, oferece-nos ainda a especial oportunidade de salvar um gato adulto, que merece tanto quanto os mais pequeninos, de ter um lar que os acolha.  

E então eis que a veterinária nos levou para uma sala onde estavam vários gatos, especialmente adultos, todos a necessitar de adoção…

Na altura, não sabia que haviam tantos gatos, especialmente adultos, a necessitar de uma casa…

E no meio daqueles gatos, lá andava de um lado para o outro, uma gata preta e branca.




Foi amor à primeira vista... Quando a colocamos no nosso colo, ela pôs-se logo a ronronar… Parecia que os seus olhos amarelos nos convidavam a abraça-la.

E então adotamos a Bia. Foi em 21 de dezembro de 2013.

Na altura ninguém imaginaria que um dia escreveria um livro sobre ela... Sim, a Bia, aquela que mais tarde iria escrever o livro com o título “Bia por um Triz”.


Foi a partir desse dia que comecei a conhecer a verdadeira história dos gatos, especialmente os de rua.

A memória daquela sala com vários gatos a olhar-nos não mais me saiu da cabeça.

Assim começou a nascer uma vontade no meu coração de escrever uma história … uma história que fosse baseada em factos reais mas que também, de uma forma simples, com linguagem acessível, retirasse os mitos e os preconceitos que, por vezes temos, com relação à personalidade dos gatos…

E foi nascendo no meu coração “Bia por um Triz”. E quem conta a história, não sou eu, mas a própria "BIA POR UM TRIZ".

Quando amamos, a dor da perda não nos abaixa os braços… 

Temos de estar atentos aos acontecimentos da vida, mesmo o mais dramáticos, para aprendermos com eles e assim, crescermos em nossa humanidade, especialmente no respeito com os que nos rodeiam, com maior atenção aos mais frágeis.

Passados estes anos, percebo cada vez mais que a Pantufa não morreu em vão. Ali, naquela clínica onde ela se despediu de nós, começamos a perceber um pouco da realidade dos gatos de rua, que até então, nos passava despercebido.

Foi aqui, neste último capítulo de vida da Pantufa, que comecei a escrever uma nova história…

A verdadeira história dos gatos…

Começou a nascer a história da “Bia por um Triz”.




(O livro “Bia por um Triz” será lançado no 26 de julho de 2017 pelas 18:30h no Chiado Café Literário – Porto, mas já se encontra disponível nas livrarias Chiado em 
www.chiadoeditora.com/livraria/bia-por-um-triz

Agradeço a todos que comparecerem neste momento especial para compartilharem o seu amor pelos gatos. Aos poucos, poderemos mudar as mentalidades e ultrapassar os preconceitos que ainda existem na adoção de gatos já adultos, especialmente os errantes.)