sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

E o Natal nos trouxe a Mariana



Nesta semana, a Mariana encontrou-nos. Ela estava na rua, e foi meu marido que a viu a miar, e por pouco não foi atropelada por um carro, porque mandamos pará-lo, a tempo da Mariana fugir para debaixo de outro carro que estava parado. Ainda fui atrás da Mariana, mas ela fugiu para dentro de uma vedação de uma das casas da rua, e julguei que ela vivia ali e tinha-se escapado.

No outro dia, enquanto cuidava do jardim da minha casa, escutei novamente uns miados. Meus gatos estavam comigo e com as orelhas em pé, indicavam-me de onde vinha os miados. Agarrei numa toalha, e lá fui eu pela rua fora. 

Não sabia se era a Mariana ou se era outro gato qualquer pequenino. E lá estava a Mariana, no meio da rua, magríssima, com focinho arranhado e olhos remelados. Desta vez, aproximei-me mais devagar… Ela ainda correu para a frente de uma porta, mas não entrou… Já não tinha forças… Pareceu-me dizer: - já não posso mais!

E embrulhei-a na toalha que trazia e trouxe-a. Tremia de frio e mal se via os seus olhos de tão infecionados. Pelo seu corpo pequenino e magríssimo, julgava que ela tinha um mês, talvez dois meses.

Meus gatos olhavam-me assustados pelo que trazia no meu colo. A minha Diana bufou logo porque esta minha gata é muito ciumenta.


Eu sei que trazer um novo gato para uma casa onde existem outros gatos não é tarefa fácil. Só há cerca de uns dois meses é que meus gatos voltaram a dar-se bem depois de quase um ano de alterações de comportamento devido à doença da Bia.

Sei que colocar um novo gato também implica riscos de saúde para os da casa, se não souber realmente as condições de saúde do novo gato. Existem muitas doenças que são transmissíveis, e os gatos na rua ficam sujeitos a todo o tipo de vírus, devido às suas condições precárias de alimentação, sujeitando-se às mudanças climáticas, especialmente nesta altura de forte inverno.

Sei que há quem pense que um gato na rua se "dá bem", mas a realidade é que nem todos os gatos se dão tão bem assim. Especialmente os gatos mais dóceis, os que tinham tudo para serem os melhores companheiros de  toda uma vida na casa de alguém são estes os que morrem mais depressa na rua, porque simplesmente são dóceis, e não são capazes de se defender dos gatos mais selvagens.

Mas a Mariana ali no meu colo, já sem forças abria os seus olhinhos remelentos e baixinho miava, já ronronando, sem ainda me conhecer. A Mariana confiou-se a mim e deixou-se estar no meu colo ali quase quieta, como se me dissesse: - Já estou sem forças, já não aguento mais, confio em ti!

Arranjei uma caixa transportadora onde coloquei a Mariana. Meti lá um cobertor quente, água, comida e uma pequena caixa de areia. Coloquei a caixa transportadora com a Mariana no meu atelier de pintura que é um anexo que tenho junto à minha nova casa. Este anexo tem um telhado novo e praticamente ali é o mesmo ambiente da minha casa.


Não tinha comida para um gato júnior, e por isso, lembrei-me de lhe dar uma lata de atum natural que por vezes dou ao meu gato.

A Mariana logo que viu o atum comeu rapidamente. Estava esfomeada.  Enchi por duas vezes a tigela e comeu tudo, ronronando sempre, esticando-me a pata, quase que a dizer-me: - Obrigada!

Já comprei comida própria para gatos juniores. Desfiei-lhe um franguinho, sem ossos, e dei-lhe, e ela gostou imenso. Lambeu aquela aguinha de cozer o frango que meus gatos também gostam tanto.

Liguei de imediato à veterinária dos meus gatos! Sabia que a Mariana estava doente e precisava agora ser vista por um veterinário o mais depressa possível. 

Felizmente a minha nova veterinária vem ao domicílio. Quando eu disse que a Mariana tinha comido, foi um bom sinal. Disse-me que devia manter a Mariana quentinha pelo que me pediu para que colocasse uma botija de água quente na transportadora para ela se sentir quentinha e manter a sua temperatura corporal. Mas a botija tem de ser colocada envolta em um pano senão os gatos pequeninos de tanto quererem o calor, acabam por se queimar quando colocamos uma botija sem proteção. Se um gato pequenino tiver muito frio, isso pode agravar-lhe as doenças que eventualmente já tiver. E assim fiz. Durante o dia mudo por três ou quatro vezes a botija para ela se manter quentinha.


No outro dia, a veterinária pode vir vê-la, e agradeço-lhe do fundo do coração de ter tido esta disponibilidade quase que imediata para vir ver a Mariana, mesmo diante da sua agenda cheia de compromissos e marcações. 

A Mariana tem uma infeção nas vias respiratórias, mas não tinha febre, o que é um bom sinal. Como está a comer e a beber e  a fazer as suas necessidades com regularidade, pensa-se que é apenas isso que ela tem, até fazer-se exames. E assim já está medicada com antibiótico e gotas para tratar os olhos que parecem também estarem infecionados. 

Também os seus ouvidos precisam ser limpos e desinfetados.


A Mariana pesa cerca de um quilo. Pelos seus dentes, avalia-se que a Mariana já tem mais de três meses, talvez já quatro meses. Infelizmente, a Mariana deve ter passado muita fome nos seus primeiros meses de vida, e por isso, o seu corpinho pequeno e frágil não pode crescer como deveria ser. Assim sendo, além da medicação, também tem de tomar uma pasta com vitaminas para dar-lhe mais forças.

A Mariana é uma prova viva do quanto é cruel colocar-se gatos na rua, julgando-se que eles sabem se defender por si mesmos, especialmente quando ainda são pequeninos.

Eu não sei porque a Mariana foi parar na rua, nem sei se ela veio de uma ninhada de gatos de rua, ou se foi de uma ninhada de gatos de casa não castrados, que não puderam ser adotados e acolhidos na mesma casa.

Aqui eu não condeno ninguém. 

Infelizmente a vida nem sempre é fácil para todos, fazem-se opções, e por vezes, é complicado acolher-se um gato em casa, já que ainda há tantos mitos em torno dos gatos, especialmente se são encontrados na rua.

Eu também acreditava em alguns destes mitos, e nestes últimos tempos tenho aprendido tanto com os gatos com os quais partilho a minha vida. Ainda hoje, estava meia adoentada com gripe e queria ficar na cama, mas meus gatos fizeram-me levantar, reagir pois não nos podemos deixar abater. Para quem ainda não leu, deixo aqui o meu pequeno e-book onde partilho um pouco do que os gatos representaram na minha readaptação como deficiente visual.


Às vezes, precisamos apenas não desistir ou apenas acreditar que é possível!

Não sei quanto tempo a Mariana esteve na rua, nem sei por onde ela andou antes de me encontrar. O que eu sei é que a Mariana estava exausta, esfomeada, desnutrida e quase sem forças no meio da rua em pleno inverno rigoroso e muito chuvoso.

Neste Natal e em todos os dias do ano, existem muitas Marianas que ainda andam nas ruas, esfomeadas, desnutridas, sem forças, abandonadas à sua própria sorte.

Na verdade, estas Marianas que andam pelas ruas, são companheiros em potencial que poderiam encher de alegria uma casa, que poderiam ser amigos fiéis de toda uma vida de alguém.


Na nossa  vida, só quando a partilhamos com alguém, um animal ou uma simples planta é que podemos dizer: - Fomos importantes para alguém, passamos por esta vida e mudamos algo, salvamos um animal da rua, acabamos com a dor de alguém, estendo-lhe a mão, acolhendo o outro na sua diferença, na sua fragilidade, pois hoje, temos esta oportunidade de sermos esta luz do Natal na vida que nos cerca.

O Natal, na sua essência, não são as luzes, as prendas e as festas. 

O natal, para os crentes, começou nesta história belíssima de um Deus que se fez menino frágil que escolheu nascer numa manjedoura onde estavam os animais, pois não havia um lugar de conforto nas hospedarias para acolhê-lo. Foi ali na fragilidade de uma gruta ou estábulo que o Natal começou. E só quando revivemos este Natal na sua simplicidade de quem necessita de ajuda, desta humildade em mudar a partir dos pequenos gestos que salvam a vida de quem e do que nos cerca, é que vale a pena viver o Natal!

Não conto esta história para me vangloriar, pois ainda hesitei em contar a história da Mariana. Tenho já três gatos e não sei se eles vão acolher a Mariana para ela ser da nossa família. O que importa agora, é cuidar da Mariana, salva-la, pois ela também merece esta oportunidade de viver e ser feliz na casa de alguém, protegida e cuidada por um tutor que a ame para sempre.


Neste blogue, quando partilho a minha história de vida com os meus gatos, é antes de mais para mudar mentalidades, especialmente as baseadas em tantos mitos, pois é preciso contar a verdadeira história dos gatos. 

Foi por isso que escrevi o livro "Bia por um triz" e continuo a escrever aqui e nas redes sociais sobre o que vivo com os meus gatos todos os dias.

O que me interessa é dizer que um gato, quando ama, ama para sempre! E Mariana provou-me que é possível este amor, mesmo que venha quando não estávamos à espera.

Feliz Natal e beijos da Bia, Jordan, Diana Riscas e da Mariana, com muitos ronrons.


(Texto de autoria de Rosária Grácio)

Se gostou deste artigo e para acompanhar os próximos artigos, convido-lhe a seguir este blogue e a página do livro "Bia por um triz" em 


Para saber mais sobre o livro "Bia por um triz", veja uma pequena apresentação do livro em:


 O livro "Bia por um Triz" pode ser adquirido em
"A melhor forma de ajudar os animais é adotando-os."
(Rosária Gácio)




sábado, 15 de dezembro de 2018

E que a companhia nos aqueça neste inverno!



Na casa nova, Bia, jordan e Diana Riscas começaram a sentir uma mudança drástica na temperatura a que estavam habituados. A nova casa está numa zona mais rural, e por isso, mais longe da zona marítima e com um clima mais frio.

Se no apartamento, estavam recolhidos dos ventos e das chuvas, na nova casa, tudo isto voltou a fazer parte da sua realidade.

No caso da Diana Riscas, isto de chuva foi mesmo uma novidade! Ela foi recolhida ainda bebê e logo depois adotada por mim, e por isso, penso que ela nunca deveria ter sentido a chuva antes.

Para a Diana Riscas, a chuva pareceu-lhe muito estranha no início. Ela olhava para o céu e para as bordas do telhado como que a tentar ver se alguém lá estava encima a jogar-lhe água.


Hoje mesmo, ela miava-me a olhar para mim como que a dizer-me: - Deixa-me ir para o quintal e para-me a chuva, por favor!

Foi complicado convence-la que hoje, não poderia brincar no quintal como nos outros dias, porque choveu o dia todo.

O Jordan e a Bia não prescindem do seu passeio pelo quintal e até levam umas pingas de chuva… Mas depois, eis que a casa é mais quentinha, e voltam para o quarto para debaixo dos cobertores … Nestas alturas de muito frio percebo bem que o Jordan é o que sente mais frio e por isso, apesar de não saber a idade do Jordan, ele deve ser realmente o mais velho e por isso, já não está para andar na chuva como a Diana ou a Bia.


Penso que todo este movimento deles a andar no quintal tem sido muito importante para a sua saúde. O pelo deles está muito mais brilhante, macio, como que rejuvenescidos.  Fico mesmo feliz de vê-los assim, tão empolgados com toda esta liberdade e espaço. 

Também tenho percebido que eles já delimitaram o seu espaço no quintal que termina no portão e na vedação alta que tem ao redor da casa. 

Quanto à alimentação, nunca coloco no quintal para que os gatos da vizinhança não se sintam tentados a invadir o espaço que agora só se torna acessível pelo telhado. Tenho ensinado que a comida é sempre dentro de casa, e enquanto eles vão e vem, fazem exercício e vão perdendo peso.

Hoje, na companhia deles, sinto que o quanto muita coisa mudou, só pelo facto deles terem mais espaço e uma vida mais saudável ao ar livre, sem estarem fechados num apartamento.

Deixo-vos com o Diário de cada um deles:

“O céu é o limite aqui na nova casa e só me assusto quando um carro faz um barulho mais alto ou um cão ladra. No mais, logo pela manhã, é bom sentir o ar fresco do novo dia, mas sempre perto da minha tutora, pois só assim me sinto segura.” (Diário da Bia – Dezembro de 2018)


“Está mais frio agora e após dar a minha voltinha por todo o quintal, prefiro o calorzinho dos cobertores. Sim, vou até a vedação e fico a olhar a rua e para todos os lados, o mais longe que posso. Sou o gato da casa e preciso me manter atento. Tem caído uma chuva muito fria e por isso não me aventuro a molhar-me muito, pois preciso cuidar da minha saúde. Não gosto de ficar doente pois tenho medo de sair de casa e ir a veterinários. ” (Diário do Jordan – Dezembro de 2018).



“Ah, existe uma água que cai do céu… Não sei porque ela cai, e não dá jeito nenhum ela cair quando vou ao quintal. Está frio, mas não me importo. A chuva é que incomoda mais. Eu pedi à minha tutora para parar a chuva, mas ela não ouviu! Que eu saiba, não estou de castigo. Deixa-me sair, se faz favor que lá fora no quintal  é que está a diversão!

(Texto de autoria de Rosária Grácio)


Se gostou deste artigo e para acompanhar os próximos artigos, convido-lhe a seguir este blogue e a página do livro "Bia por um triz" em 


Para saber mais sobre o livro "Bia por um triz", veja uma pequena apresentação do livro em:


 O livro "Bia por um Triz" pode ser adquirido em

"A melhor forma de ajudar os animais é adotando-os."
(Rosária Gácio)

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

A janela da curiosidade




"Eu sabia que havia ali qualquer coisa que me lembrava a antiga casa... Sim, este cheiro que vem desta janela entreaberta é conhecido.

Ah, a minha tutora olha-me ao longe...  e diz-me: - Não vás aí!

Ela colocou uns troncos de madeira a fechar a janela.

Não consigo passar... ou consigo...

Ando para longe da janela com receio que a minha tutora me ralhe, mas não esqueço...

Meu coração me puxa a ver para onde dá aquela janela...

Enquanto minha tutora fala com a vizinha da casa da frente, entro pela janela adentro... E o cheiro aumenta... Este cheiro da casa antiga...

E lá dentro desço ao chão e de repente...
- Miau, miau, miau....

Tudo escuro e não aparece ninguém...
- Miau, miau, miau... 

Ah que medo, ouço a voz da minha tutora a me chamar, mas não vejo como sair daqui, deste lugar que tinha o cheiro da casa antiga, mas afinal era só uma caixa que aqui estava... 

Mais nada há aqui, nem está aqui o Jordan ou a Bia... E só há escuridão, frio, solidão...

Onde vou? Ah, que medo...

Escondo-me depressa num buraco que vejo ali...
E fico escondida... 

Abre-se a porta, ouço a minha tutora e a voz de uma vizinha a chamar-me...

-Não, nem pensar que aviso onde estou... E se a vizinha me agarrar? E se me tirarem da minha tutora... Não, daqui deste buraco não saio...

E fechou-se a porta! Cheia de frio esperei!!!! E Esperei!!!!

De repente, abre-se novamente a porta! Ao fundo, na claridade sinto que é a minha tutora!!!!

Ela chama-me mas tenho medo...

A minha tutora fecha a porta e fica lá dentro, chamando-me com aflição...

E só então, mio baixinho...

Foi assim que uma mão, a mão da minha tutora tenta me alcançar ...

Ah, mas daqui, não saio... Tenho medo!

A minha tutora tira tudo o que estava encima do buraco onde estou e vê-me ali tão encolhida...

E agarra-me...Eu mio baixinho, deixando-me acarinhar pela minha tutora...

Mas ela abre a porta... Será que vai me abandonar? Fico aflita, com medo...

Ela agarra-me com força enquanto fecha a porta da garagem...

E estou inquieta, deixa-me ir para casa... E vou...

A minha tutora deixa-me ir para dentro do portão da minha casa...E vou a correr...

Abre-se a porta e entro...

Ah, estou aliviada. Fui salva e resgatada pela minha tutora...

Mas que espaço é aquele?

Ah, ainda bem que aqui estou na minha casa, a nova casa, mas é esta a casa da minha tutora e basta-me!"
(Diana Ricas - Outubro/2018)

Neste artigo, Diana Riscas descreve o dia em que entrou na garagem da casa nova, ainda em obras, escondendo-se nas peças do  barbecue que ali estavam guardadas.

Os gatos são muito curiosos, e por isso, interessam-se por conhecer lugares e cantos da casa que ainda não conhecem. 

Assim sendo, de uma hora para a outra, metem-se em buracos, ou mesmo podem ir para a rua, sem necessariamente quererem sair da sua casa. 

Neste caso, a Diana Riscas queria apenas saber onde aquela janela do quintal iria dar, ainda mais que lá dentro haviam algumas caixas que tinham o cheiro da casa antiga. 

A Diana Riscas tem muito medo da rua, mas tem imensa curiosidade, e por causa da sua agilidade, facilmente desce e sobe grandes alturas. 

Por isso, tenho de estar atenta a ela, e neste caso, bastou eu falar um pouco com a minha vizinha da frente, para ela se meter dentro da garagem que ainda estava em obras. 

Deu-me uma grande aflição, e só tentando me lembrar para onde ela teria ido é que teimei em estar dentro da garagem por algum tempo, pois sei que a Diana Riscas não gosta de estranhos. 

Enfim, foi um grande susto, mas também percebo que para um gato, a curiosidade igualmente é algo que faz parte da sua personalidade felina. Por isso, temos de estar atentos, percebendo a personalidade de cada um dos nossos gatos e ao mesmo tempo, amá-los e compreendê-los, para assim ajudá-los da melhor forma.

Até o próximo artigo com beijinhos da Diana Riscas!

Texto de autoria de Rosária Grácio


segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Por ares nunca dantes cheirados...


Após cerca de um mês, os meus gatos foram percebendo que havia um quintal junto à sua nova casa, e que para além da porta havia um mundo completamente novo, pronto a ser descoberto.

Para além das quatro paredes da casa, e esta já maior que a outra onde moravam, havia ainda um espaço onde o céu tocava a terra, um quintal, e por isso, ainda mais havia por se descobrir na casa nova dos seus tutores.

Apesar dos meus gatos terem vivido por mais de cinco anos num pequeno apartamento, percebi que um gato sempre irá gostar de ter espaço à sua volta onde possa respirar a sua liberdade.

Sim, uso o termo "respirar a sua liberdade", porque quando abro a porta, cada um dos meus gatos põe-se a cheirar o ar que está lá fora.



Porém, esta liberdade tem de ser com segurança para manter a sua saúde e o seu bem-estar. Por isso, tenho tentado ao máximo, fazer da minha nova casa, um refúgio seguro para eles, sem que tenham acesso à rua. 

Já tiveram a visita de uma veterinária que lhes ajudou no controle das pulgas e carrapatos, pois a tal coceirinha junto ao rabinho incomodava-os e era mesmo das pulguitas que apanharam no quintal.

Por isso, diante destes novos ares, há que estar atenta ao que de novo também se deve fazer, para que os nossos gatos possam estar em segurança.


O quintal não é grande, mas penso que a liberdade de um gato não está diretamente ligada com o tamanho do espaço.
  

Pelo que tenho visto dos meus gatos, a liberdade de um gato está mais associada às novidades que ele possa encontrar do que propriamente ao espaço físico que possa ter.

Um gato precisa se dedicar às suas "caçadas", e o ar livre proporciona-lhe várias oportunidades onde possam perseguir coisas em movimento, nem que sejam simples folhas secas a cair de uma árvore.

Isto dos gatos gostarem de "caçadas" para manter a sua saúde física foi um dos assuntos que li no primeiro livro digital da coleção "O meu gatinho", disponível no blog "Universo de Gatos", que pode ser baixado gratuitamente e que aconselho a lerem. Neste blog também existem vários artigos que me tem ajudado nesta mudança de casa para que possa lidar com mais consciência acerca dos cuidados que agora devo ter.
  
Mesmo a questão da obesidade, que estava a ser um dos problemas mais complicados dos meus gatos, também aos poucos está a ser resolvido pelo simples facto dos meus gatos terem outras coisas em que pensar do que apenas ir comer e dormir, quando nada mais tinham que fazer. 

Tenho aprendido que a saúde dos gatos está muito ligada à sua rotina do dia a dia, pois mesmo nós humanos, não temos uma vida saudável se formos sedentários.

Porém, a curiosidade de um gato pode coloca-lo em perigo e por isso, vigia-los poderá prevenir alguns sustos como o que a Diana Riscas me fez na semana passada, mas isso deixo para ela mesmo contar no próximo artigo.

Deixo-vos com os pensamentos dos meus gatos para o dia de hoje:

"Sei que isto de andar no quintal à chuva não é para um gato, mas prefiro salpicar as minhas patas no quintal do que estar em casa..." (Diário da Diana Riscas - 05/11/2018)



"Ah, isto de chuva já não é para um gato mais velho como eu. Sim, vou dar a minha voltinha, mas depois de ver todos os cantinhos do quintal para ver se está tudo em ordem, volto para casa. Tenho sentido muito frio, e por isso, prefiro ficar na cama dos meus tutores, bem quentinho, que ali estou melhor." (Diário do Jordan - 05/11/2018)

"Vejo da janela a Diana Riscas a andar no quintal, mas hesito. Está muito frio e nem sei se devo ir ... A minha tutora chama-me, pois diz-me que preciso fazer exercício... e assim vou ... e depois de lá estar no quintal já não me apetece sair... e então vem uma vizinha falar com a minha tutora... ups... esgueiro-me em direção à porta de entrada da minha casa pois sei que lá estou segura de pessoas que ainda não conheço." (Diário da Bia - 06/11/2018)


Texto de Rosária Grácio
Autora do livro "Bia por um Triz"
(Continua no próximo artigo)




Se gostou deste artigo e para acompanhar os próximos artigos, convido-lhe a seguir este blogue e a página do facebook do livro "Bia por um triz" em 


Para saber mais sobre o livro "Bia por um triz", veja uma pequena apresentação do livro em:


 O livro "Bia por um Triz" pode ser adquirido em

"A melhor forma de ajudar os animais é adotando-os."
(Rosária Gácio)

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Do outro lado da porta, é seguro ou não!



(Continuação do artigo anterior: Para além da janela do nosso conforto)

Após cerca de um mês na casa nova, a Bia, o Jordan e a Diana Riscas foram percebendo, que havia um outro mundo para além das portas e janelas da nova casa onde moravam.

Depois de vários anos a viver num pequeno apartamento, eis que os seus olhinhos brilharam, ao verem que eu andava do outro lado da janela a cuidar dos vasos e das plantas no quintal.

Lembro-me que, por vezes, eles ficavam a olhar, petrificados, como é que eu estava do outro lado da janela e depois aparecia dentro de casa.

“Sim, existe qualquer coisa ali fora. Ainda não percebi muito bem como é, mas que a minha tutora vai lá muitas vezes, e se ela vai, é porque eu posso ir também, tenho é de perceber como, e se é seguro, e sempre ao lado dos meus tutores, é claro…” (Diário da Bia, agosto de 2018)


“Cada vez que a minha tutora vai lá fora, fico nervosa. Mio do outro lado da janela e fixo o meu olhar naquilo tudo que ali existe. Às vezes, bufo de medo, Sei lá o que ali vai!” (Diário da Diana Riscas, agosto de 2018).


“Sei que há muita coisa nova lá fora para explorar. Mas os meus tutores não me deixam ir lá fora. Por mim, já tinha ido lá ver o que se passa. Estou cansado de andar sempre aqui entre quatro paredes a ver mobiliário enquanto lá fora, os pássaros voam, as folhas se movem nas árvores… Enfim, se houver oportunidade, aproveito de certeza, e dou uma escapadela.” (Diário do Jordan, agosto de 2018).


E realmente, eu e meu marido tínhamos de ter imenso cuidado com o Jordan ao entrar em casa. Houve uma ocasião que ele se misturou nas nossas pernas, enquanto entrávamos em casa, e pronto. Lá estava ele finalmente no quintal a cheirar tudo. Fui buscá-lo a correr, com medo que fugisse. Aos poucos percebi que podia começar a ambienta-los ao espaço do quintal, mas só com um de cada vez.

No entanto, inicialmente só o Jordan teve realmente coragem de atravessar a porta. A Bia punha-se ao longe, e depois corria para a janela para apreciar melhor e com segurança. A Diana Riscas é que se escondia logo, mal a porta se abrisse.

À medida que eu ia com o Jordan lá fora dar um passeio, a Bia ia apreciando da janela, como que a verificar se era seguro aquilo tudo que eu andava a fazer lá fora com o Jordan.

Eu penso que a Bia sempre foi uma gata mais pensativa e cautelosa com as novidades. O jordan aventura-se logo com ambientes e pessoas novas, enquanto a Diana Riscas tem de ter o seu tempo para acreditar se é fiável ou não, aceitar as novas coisas que lhe são apresentadas.

E mais uma vez, diante da casa nova percebi o quanto cada gato é um gato, e que devemos estar atentos à sua personalidade para melhor ajuda-los. Todo e qualquer espaço novo oferece novas oportunidades aos nossos gatos, mas na maioria das vezes, os gatos não gostam de coisas novas ou de quebras de rotinas. 

E para além disso, numa casa com quintal, temos de estar atentos à vedação em torno da casa para eles não fugirem. E ter atenção ao contacto com outros gatos da vizinhança ou que estão na rua, se pode ocorrer ou não.

Outro pormenor é o contacto com a terra e vermes, pelo que eles tem de estar protegidos das infestações de pulgas, por exemplo.


Assim sendo, procurar perceber o ambiente que nos rodeia, acompanhando e percebendo o que eles nos estão a comunicar, para melhor os proteger e ajuda-los na sua readaptação, tem sido a minha forma de interagir com os meus gatos, nestes anos de convivência ao seu lado. 

Por isso vou começar a partilhar nesse artigo, um pouco do diário de cada um deles, pois os gatos falam-nos, e precisamos é estar atentos ao que eles nos comunicam. 


Assim como fiz no livro “Bia por um triz”, a partir deste artigo, para além da minha versão dos factos, também vou partilhar a versão felina de cada um dos meus gatos. E esta versão é baseada nas suas atitudes, pois eles falam connosco todos os dias, pela sua forma de agir, e como falam!

“Ah, era tão bom andar ali no quintal. Aquele ar, aquela terra e o infinito. Sim, corria pelas escadas, e lá ia eu a correr por entre aquilo tudo. Para ver melhor o que se passava na rua, esgueirava-me na grade do muro até o fundo… Pena que este muro é um pouco alto para pular, que a minha barriga não deixa. Ah, a minha tutora ralha-me comigo, cada vez que tento pular algumas coisas que até me dariam jeito alcançar, pois gosto é das alturas, para ver tudo o que passa à minha volta. Mas a minha tutora está atenta e tapou logo todos os buraquinhos que haviam aqui e acolá, porque a rede já é velha, e tem uns buracos pelo meio. Um dia, ela não percebeu e consegui ir para cima do beiral da garagem do lado de fora, e pus-me lá a apreciar o panorama da rua… Maravilha das maravilhas, lá no alto a ver tudo! Senti-me o dono da rua! O problema é que quando a minha tutora me viu ali, pôs-se aos berros, mas deixei-me estar mais um pouco. Estava tão bem! Só quando me deu a fome, é que voltei com calma pela beirada sem cair… A minha tutora agarrou-me logo e pôs-me dentro de casa. Disse-me que estava de castigo, e que hoje não ia mais ao quintal. Não sei porquê? O que é que eu fiz de errado? Só quis ver a rua pois sou o gato da casa e preciso controlar a vizinhança!" (Diário do Jordan, Agosto de 2018)


“Sei que pode-se andar do lado de fora da casa. O Jordan tem ido e volta vivo, por isso, não lhe deve fazer mal. Bem, a minha tutora abre-me a porta e diz-me que é a minha vez, mas fico com medo. Olho de longe ou da janela para perceber melhor se as coisas são realmente seguras.  Eu não quero voltar para rua. Isso de rua já me deu muitas tristezas como contei no meu livro “Bia por um triz”, e não quero ser novamente abandonada na rua. Nem pensar que quero me perder novamente da minha tutora!” (Diário da Bia, agosto de 2018)



“O Jordan tem saído todos os dias para o outro lado da porta. Mas eu mio e me escondo. Sei lá, o que ali vai. Desde pequenina que só conheço este mundo de quatro paredes. Primeiro estive na clínica veterinária que me salvou da morte e do abandono, e depois fui para os braços da minha tutora. Nem pensar que quero estar longe da minha tutora. A Bia e o jordan se quiserem ir, que vão! Deixem-me estar aqui no meu esconderijo do roupeiro dos meus tutores, que eu estou bem segura e isto é que importa!” (Diário da Diana Riscas, agosto de 2018)



Texto de Rosária Grácio
Autora do livro "Bia por um Triz"
(Continua no próximo artigo)



Se gostou deste artigo e para acompanhar os próximos artigos, convido-te a seguir este blogue e a página do livro "Bia por um triz" em 


Para saber mais sobre o livro "Bia por um triz", veja uma pequena apresentação do livro em:


 O livro "Bia por um Triz" pode ser adquirido em

"A melhor forma de ajudar os animais é adotando-os."
(Rosária Gácio)