quinta-feira, 13 de julho de 2017

Amar-te-ei até o fim!



(Continuação do artigo anterior)

Estava com o coração ansioso…

A Pantufa não estava mesmo bem… Foi a primeira vez que ela deixou-se levar para a caixa transportadora sem fazer qualquer reação…

Nunca, mas mesmo nunca, a Pantufa queria ser levada na caixa transportadora. Mesmo nos últimos meses, quando a levei aos dois veterinários para a consultar, ela tornou-se ainda mais difícil quando a tentava levar na transportadora.

Mas desta vez, ela já tão fria, deixou-se meter na caixa. sem dizer nada, só olhava para mim com aquele olhar de um amarelo lindo que só ela tinha.

Quando cheguei à esta nova veterinária, percebi logo uma diferença na clínica. Estavam cães e gatos soltos pela clínica que logo me vieram cumprimentar…

Tive um bocado de receio, mas logo vi que aqueles companheiros de quatro patas eram as boas-vindas para uma veterinária que gostava mesmo do que fazia.

Já não me lembro se estava muita gente ou não… Pois como disse no artigo anterior, estava mesmo com a dor muito forte em meu coração, quando vi a Pantufa, em casa, no chão frio, rodeada de xixi… Nunca a vi em tal situação, ela que sempre se esmerava por estar sempre limpinha …

Então fui chamada para o consultório… E atendeu-me uma jovem doutora e percebi logo um à vontade a lidar com a Pantufa… Disse-lhe o que estava a acontecer nos últimos meses, e ela mediu-lhe a temperatura…

Percebi no olhar da veterinária que as coisas não estavam bem para a minha querida Pantufa…

E sim, a Pantufa estava com uma insuficiência renal crónica… os rins estavam a parar… então eis que a veterinária disse-me logo que ela tinha de ser internada o mais rápido possível para ser operada…


A Pantufa estava mesmo quieta… nunca a vi assim tão calma… como se as suas forças estavam mesmo no seu limite…

A Pantufa foi operada à hérnia porque o intestino estava preso na hérnia e na bexiga, porém os rins, mesmo com a operação, não estavam a funcionar… Por isso, ela teve de ficar internada …

Todos os dias ia visitar a Pantufa após o trabalho… Era muito difícil ver ali a minha querida Pantufa, a olhar para mim, como que a tentar comunicar-me uma mensagem que ainda não conseguia compreender…

Lembro-me, que quando ela me via, levantava-se logo e eu ficava com esperança… Mas a veterinária olhava-me de uma forma mais pessimista…

E quando chegava a casa, lá estava a Lady, sozinha, a olhar para mim… Ah, quanta tristeza… Eu bem lhe dizia que a sua companheira de tantos anos estava doente, mas ela vai voltar, dizia-lhe, ela vai melhorar…

A Lady começou a fazer algo que nunca tinha feito comigo… 

Com a Pantufa, ela tinha o costume de marchar encima da sua barriga e depois, deixava-se estar encima dela…





Nunca compreendi muito bem porque ela fazia isso… mas, a partir dessa altura, a Lady começou a fazer extamente o mesmo comigo… À noite, quando já estava deitada, lá vinha ela para cima da minha barriga, marchar um pouco e depois deixava-se estar encima de mim…

Percebia que a Lady estava com muitas saudades da Pantufa… Percebia-se no seu olhar, quando chegava ao final do dia, e a via ali a olhar com os seus olhos azuis a tentar perceber o por quê da Pantufa não voltar para casa…

E os dias foram passando e o estado clínico da Pantufa não se alterava…  Enquanto estava ali um tempinho com a Pantufa, via outros gatos, alguns deles que estavam para adoção… Um deles, estava na jaula bem abaixo da Pantufa, e chorava por mim, quando eu ia embora, dizia a veterinária…

Mas naquela altura, longe de mim saber o que estava para acontecer… Sabia bem que o temperamento da Pantufa não aceitaria outro gato em casa… Já tinha tido grande dificuldade em esta aceitar a Lady…


Um dia disse ao meu marido para visitar a Pantufa… Só eu ia à clínica porque o Paulo já tinha sofrido por morte de uma gata que estimava muito e que sofreu por doença e para além disso, tinha receio de ir lá vê-la…

Como vos disse nos artigos anteriores, a Pantufa nunca deixou o meu marido fazer-lhe festas. Aliás, quando estava junto do meu marido, ela mantinha-se longe de nós… Nunca o meu marido conseguiu sequer se aproximar da Pantufa. Ela não deixava e bufava-lhe, se ele se aproximasse dela.

Mas, passado alguns dias, a saudade bateu e então o meu marido Paulo foi vê-la… Eu já estava na clínica e eis que estava a fazer festas à Pantufa, quando ele entra na sala…

De imediato, a Pantufa pôs-se de pé… Meu marido ainda hesitou … Mas então, ela deixou-se acariciar por ele …

Nunca o meu marido tinha conseguido tocar-lhe e ela roçou-se nele como fazia comigo… Fez ainda um rom rom de contentamento… Meu marido acariciou o seu corpinho todo e ele chorou de alegria…

E a Pantufa olhou-nos nos olhos … Fixadamente olhou-nos e depois foi-se deitando novamente e então os seus olhitos foram olhando para um horizonte longínquo… para o alto…

Meu marido disse logo em lágrimas: 
- ela está a se despedir de nós!

- Não, não, ela está a melhorar – disse-lhe.

Não queria acreditar nisso. Mas depois desse olhar, a pantufa deitou-se como se estivesse satisfeita e em paz… Ainda lhe acariciei com muito carinho…

Ela manteve-se deitada e não mais nos olhou… Parecia estar com muito sono…

Eu e meu marido abraçamo-nos a chorar!

Mas eu repetia: - ela vai ficar boa!

Enquanto tudo isto acontecia, o meu marido viu, que do outro lado da sala, estava uma gata preta e branca a olhar-nos, atrás de uma jaula… e depois lentamente ela foi colocando a pata entre as grades a tentar tocar-nos… 

Na altura, eu não via mais nada para além da minha querida Pantufa…

Fomos para casa, e eu mantinha a esperança, pois não podemos desistir nunca!

Porém, no outro dia, recebi a notícia que mais temia... Quando a veterinária foi ver a Pantufa, logo de manhã cedo, ela já tinha falecido…

Mas, porquê? - perguntei à veterinária. Ela parecia estável, parecia que estava a melhorar... Ontem o meu marido veio visita-la, e ela nem gostava muito do meu marido, e até deixou-lhe fazer festas...

E a veterinária disse-me:
- Ela esperou pelo seu marido para se despedir dele também...

Nunca mais irei esquecer desta frase... Este foi o primeiro abanão que eu recebi pois ainda não conhecia a verdadeira personalidade os gatos...

Ali, no momento da sua despedida, a Pantufa me demonstrou que um gato ama, e ama muito, mesmo que não o demonstre, mesmo que não o queira demonstrar...

Nós, humanos, gostamos de racionalizar as coisas à nossa medida... Se um gato nos bufa, pensamos logo que ele nos está a rejeitar... 

Como tenho referido nestes artigos, que não são apenas para entreter, é preciso contar a verdadeira história dos gatos para os conhecermos melhor... 

Por isso, tenho partilhado neste blogue do que tenho vivido ao lado dos gatos que tenho adotado na minha vida. 

E sim, a Pantufa amava o meu marido muito, mesmo sem o ter demonstrado até o dia da sua despedida...

Só depois de o ter visto, é que ela finalmente pôde ir em paz... 

- Amar-te-ei até o fim! - esta foi a mensagem, que a Pantufa nos queria transmitir, quando se despediu de nós naquela noite, que foi a véspera da sua morte...

E como choramos esta perda... Era uma dor inconsolável... Nunca me tinha sentido assim...

Ao escrever este artigo, chorei por várias vezes, ao lembrar de como a Pantufa nos deixou... A perda de um animal que nos acompanhou durante tantos anos, só quem passou por isso, pode compreender a profundidade disto tudo.

Mas a culpa foi do sofá? Foi por causa do sofá preferido da Pantufa que ela ficou doente?



Ainda pensei que foi por causa disso, por algum tempo... 

Mas, depois falando com a veterinária que ainda tentou salva-la, ela disse-me que não... 

Poderia ter sido uma queda que a Pantufa teve, fazendo-lhe uma hérnia, que depois prendeu o intestino e a bexiga, parando-lhe os rins...

No entanto, as hérnias também podem ser de nascença. Como a Pantufa era gordinha, os veterinários que a viram antes, poderiam não ter notado a hérnia ao palpar. Por vezes, a hérnia é um buraco pequenino que não se nota e os gatos vivem, ainda bem, durante algum tempo, até que um orgão fica preso na hérnia, e então, começam os problemas.

Foi uma coincidência toda aquela história do sofá que foi mudado, e toda aquela situação dos apegos às coisas que os gatos, por vezes, têm...

Realmente, por vezes, as coisas acontecem, e não vale mesmo a pena ficarmos a tentar explicar o por quê, antes, temos de nos focar no "para quê" tudo isso aconteceu...

Já me disseram que cada qual tem o seu livro de história e a morte tem sempre uma desculpa.

Agora restava-me a minha querida Lady que ficou sozinha em casa, e sem mais ver a Pantufa...  Também eles, quando perdem um companheiro de vida, sofrem imenso...

Eu e meu marido começamos a ver um olhar muito triste na nossa querida Lady... 

Não, não podemos perder também a nossa querida Lady!


(continua no próximo artigo)


quarta-feira, 12 de julho de 2017

O sofá preferido da Pantufa


(Continuação do artigo anterior)

Como dizia no meu artigo anterior, os gatos apegam-se às pessoas e por isso também se apegam às coisas que estas pessoas que eles amam, mais usam.

Penso que isso é a razão por quê eles arranham aquele sofá que mais é utilizado pelo seu humano preferido da casa. Ou então quando eles veêm qualquer coisa nova que é trazido para a casa, e por assim dizer, eles vão logo colocar a sua presença por meio de uma arranhadela ou apenas roçar-se, espalhando ali o seu cheiro.

A questão de pertença que os gatos assumem para eles próprios, é algo extraordinário que nunca imaginava que eles poderiam sentir. Longe deles estarem a achar que estão a estragar as coisas dos seus tutores. O que está em causa aqui é a tamanha fidelidade que eles têm por nós que se estende às coisas que usamos na casa e até nas roupas que vestimos.

E como cheguei a esta conclusão?

Infelizmente da pior maneira, pois vivi com a minha primeira gata Pantufa uma dessas experiências que nunca julguei que fosse possível.

Como tinha dito no artigo anterior, a minha gata Pantufa gostava muito do sofá que utilizávamos quando víamos televisão. Quando não estávamos em casa e mesmo se estava na cozinha, era ali no sofá da sala que a Pantufa e a Lady mais estavam. A Pantufa esticava-se toda, mostrando aquela barrigita preta tão amorosa com duas manchas de pelo branco.


No entanto, o sofá estava todo arranhado, quase a desmanchar-se todo. Resolvemos então comprar outro sofá e jogarmos aquele fora.

Por acaso, como era um sofá-cama, uma instituição interessou-se por leva-lo mesmo assim, já que a cama e o colchão ainda podiam ser utilizados.

E foi assim, que o sofá velho onde a Pantufa dormia foi levado da casa, e logo a seguir, um novo sofá veio para o mesmo lugar onde estava o outro.

Era um sofá novinho, de imitação de napa preto, que deixava muito mais bonita a sala de entrada da casa.

Porém, depois do sofá lá estar, eis que a Pantufa fez algo inimaginável: fez um cocó encima do sofá!

Ela nunca tinha feito qualquer das suas necessidades fora da caixinha da areia. Foi a primeira vez que tal aconteceu.

Eu e meu marido ficamos estupefatos com tal situação tão sem sentido.

Para nós, humanos, aquela ação foi algo que nunca poderia se esperar de um animal que já vivia connosco há cerca de dez anos.

A Pantufa já vivia há cerca de dez anos na nossa casa. Nunca, em momento algum, ela fez xixi ou cocó fora da caixinha da areia. Mesmo quando ainda era ainda tão pequenina, nunca vi em lado algum da casa, qualquer coisa dessa ou qualquer sujidade.


A Pantufa foi sempre uma gata extremamente asseada com o seu pelo. Aliás, o seu pelo negro brilhava ao sol de tão limpo que estava.

Porém, na altura não compreendi a mensagem da Pantufa. Não tinha conseguido compreender o que ela me queria dizer.

Zanguei-me e deixei de falar com ela. A Pantufa, quando não me via a olhar e a falar com ela, ficava mesmo magoada e triste. Foi assim que eduquei a Pantufa, e claro, passadas algumas horas, voltava a falar com ela, pois não aguentava ficar assim por muito tempo. Bastava fazer isso e ela percebia logo os seus limites.

No entanto, desta vez, isso não adiantou.

Depois do novo sofá vir para casa e o seu sofá ter ido embora, a Pantufa nunca mais voltou a ser a Pantufa de antes.


Todos os dias chegava a casa e sempre via, aqui e ali, xixi e cocó. No início, mostrava-me zangada e dizia-lhe que ali não se faz.

No entanto, os dias foram passando e todos os dias era surpreendida, especialmente com uma pocinha de xixi a meio da sala.

Levei-a ao veterinário e como a Pantufa continuava a alimentar-se bem e até mantinha o seu peso, disseram-me que era um problema comportamental.

Foi nessa altura que ouvi falar do tal apego que os gatos têm às coisas da casa onde moram, e por vezes, eles ficam ofendidos quando jogamos fora, certos móveis e roupas, onde se deitam ou estão mais tempo…

Isso parecia-me um absurdo, pois o que aquele sofá velho tinha de tão especial para a Pantufa?

Os dias foram passando e as coisas foram ficando cada vez piores.

Resolvi levar a Pantufa a outro veterinário e igualmente este disse-me o mesmo, e até aconselhou-me a separar a Pantufa num lado da casa até passar esta tal crise comportamental...

As poças de xixi foram aumentando. E então, ela começou também a fazer xixi na cama onde eu dormia. Por causa disso, acabei por aceitar o conselho do tal veterinário e acabei por colocar a Pantufa num canto da casa onde tivesse a areia, a água e a comida e assim mantivesse um pouco de higiene na casa.

Quando fiz isso, Lembro-me até hoje do olhar da Pantufa a fitar-me, um olhar profundo que me entrava pelo coração adentro… Não percebia toda aquela situação… Não percebia o por quê de ela estar a fazer aquilo após dez anos de convivência...


Sim, ela nunca deixou de comer, aliás mantinha tudo normal na companhia da sua amiga Lady. Como poderia deixar a minha gata a um canto da casa? Na altura não sabia das fraldas nem nada disso. Os veterinários onde levei a Pantufa nada me disseram acerca disso. Mas não consegui deixa-la ali a um canto da casa. 

Não aguentava ver a Pantufa sozinha e por isso deixava-a livre, colocando plásticos encima da cama e móveis para que ela não os sujasse com o xixi e o cocó. Foi a única maneira de a ter a andar de um lado para o outro e manter a casa com mais higiene.

Passaram-se alguns meses. Na altura estava a estudar à noite e a trabalhar de dia. Chegar a casa cansada, e ver que a Pantufa continuava a fazer xixi em vários lugares da casa, me deixava cada vez mais preocupada…


Foram meses de grande angústia …

Então comecei a tentar localizar outros veterinários no lugar onde eu morava. Até, lembro-me de pedir a um deles que viesse a casa para vê-la…

E então, eis que um dia cheguei a casa e encontrei a Pantufa na casa de banho, parada a um canto, sobre o chão frio e cheio de poças de xixi aqui e ali.

Não aguentei, agarrei nela, embrulhei-a num cobertor e coloquei-a numa transportadora.

Tinha ouvido falar de uma veterinária, ali perto onde eu trabalhava, e fui pela rua já quase noite, a chorar e quase a implorar a Deus que esta veterinária me ajudasse a saber o que a Pantufa tinha.

Não podia ser só um problema comportamental. Desta vez, quando vi a Pantufa na casa de banho, senti-a quase gelada… não podia ser só uma birra, tinha que haver qualquer outra coisa que estava a acontecer para além do tal problema comportamental …

(continua no próximo artigo)


quinta-feira, 6 de julho de 2017

Quando o gato não gosta de ir ao veterinário…





(Continuação do artigo anterior)

Ir ao veterinário pode ser muito estressante para alguns gatos, talvez, a maioria deles não goste muito da ideia de sair de casa e ir a um local completamente diferente da sua “zona de conforto” que é a sua casa.

As reações dos gatos são muito diversas. Eles tentam ao máximo salvaguardar as suas emoções e gostam de se sentir seguros.

Dos gatos que adotei, já vi várias reações. 


O Jordan até gosta de um passeio de vez em quando. Apesar de miar no início, depois até gosta de sentir o ventinho que entra pela transportadora.


Quanto à minha Diana Riscas, esta fica completamente estressada quando tem de sair de casa. É uma sessão continuada de miados, e quando chega ao veterinário e tem de aguardar a sua vez, vem também uma sessão de bufos.



Por sua vez, a Bia (Bia por um Triz) fica completamente amedrontada, miando sem parar, e se o medo for muito, até xixi na transportadora, acaba por fazer…

E falando na Pantufa, esta, então, tinha verdadeiro terror a sair de casa. Quando a levava, tinha de aproveitar um momento em que estivesse a dormir no seu cantinho à janela. 


Não podia trazer a transportadora com muito alarido. Se ela visse a transportadora, saía a correr e escondia-se.

Tinha de a colocar bem depressa na transportadora para ela não fazer muita resistência. A Pantufa tinha muita força nas patas, pelo que se ela percebesse que a colocava devagar na transportadora, usava as patas para não me deixar coloca-la lá dentro e fugia.

Para além disso, a Pantufa era uma gata grande e pesada. Leva-la ao veterinário era um verdadeiro exercício físico.

Mas tinha de o fazer. Não podemos retirar-lhes este momento para ver como está indo a sua saúde.

Ainda bem, que atualmente, já existem veterinários que vão a casa. Penso que certos gatos sofrem muito quando têm de sair de casa, nem que seja  para o veterinário.

No caso da Pantufa, quando chegava à casa, ainda havia o facto dela estranhar a sua companheira de anos, Lady e ficar a bufar-lhe ainda por alguns dias, como se nunca a lady estivesse naquela casa a viver com ela.


E isso acontecia também quando levava a Lady ao veterinário. Quando esta voltava, a Pantufa voltava a bufar-lhe como se ela fosse uma completa estranha.

Disseram-me que isso era por causa dos cheiros novos que a Lady ou a própria Pantufa trazia da rua e a confundiam.

Realmente, para quem adota gatos, toda esta situação, a princípio parece incompreensível.

Mas no mundo dos gatos, tudo tem o seu lugar e eles apegam-se a uma rotina e às coisas que fazem parte do seu ambiente.

Eles não querem nada mais além do que já têm.

A Pantufa ensinou-me muito, mesmo com todos este amuos e mudanças de comportamento. Ela gostava do seu espaço, mesmo pequeno e simples, era o seu com o qual vivia comigo.


Ela não precisava de mais nada. Sair para que?

A Pantufa veio-me pequenina às mãos. Graças a Deus, nunca conheceu a vida na rua. Ela sentia-se grata por cá estar na minha casa.

Quando nos sentimos bem num lugar, para quê sair dele?

Por vezes, as coisas mais lindas da vida são as mais simples e bastam a que temos.

No entanto, para nós humanos, quando uma coisa que já temos há muito tempo se estraga, jogamos fora e compramos outra para a substituir.

Eu pensava assim…

No entanto, a Pantufa ensinou-me que existem coisas que são sagradas para os gatos, como era o sofá onde ela, tantas vezes, dormia com a Lady.



(continua no próximo artigo)

terça-feira, 4 de julho de 2017

Convite especial da "BIA POR UM TRIZ" - Lançamento do Livro


Amigos e amigas da "BIA POR UM TRIZ", após estes meses em que eu e a editora estivemos a ultimar todos os pormenores para a edição deste maravilhoso livro, chegou a altura de fazer-vos um convite muito especial, pois a grande data do lançamento deste livro já está marcada.

No dia 26 de julho de 2017, pelas 18:30hs no Chiado Café Literário - Porto - Avenida da Boavista, 919 - Porto, será feito o lançamento do livro "BIA POR UM TRIZ" que vai contar com algumas surpresas, incluindo uma da própria Bia, a gata real, em cuja a história baseou-se este livro.


Para além disso, quem for à apresentação do livro, poderá também ver uma exposição das ilustrações feitas por Gráccio Caetano para este livro, que tiveram como modelo, a gata real Bia.



"BIA POR UM TRIZ conta a história de uma gata de rua que é dirigida a todas as pessoas, crianças e adultos, que com palavras simples irá sensibilizar, e quem sabe, também incentivar a adoção dos gatos de rua, especialmente os adultos como aconteceu com a minha Bia.

Siga-nos neste blogue e pelo facebook pois as surpresas com a apresentação do livro "BIA POR UM TRIZ" estão ainda a começar...

Por agora, deixo-vos, com muito carinho, este convite especial da "BIA POR UM TRIZ":





sexta-feira, 30 de junho de 2017

Será que a Pantufa aceita a sua nova amiga Lady na sua casa?



(Continuação do artigo anterior)

Como disse no artigo anterior, levar um novo gato para onde já existe outro, por vezes é um grande desafio.

No caso da Pantufa, esta alterou o seu comportamento de uma forma muito agressiva especialmente para comigo, quando trouxe uma nova gata para casa.

Não queria devolver a pequenina Lady, pelo que tive de aceitar uma inusitada sugestão dada por alguém que já tinha muitos gatos em casa. 

Deixei a Pantufa e a Lady sozinhas na sala e afastei-me, indo para o meu quarto.

Deixei-me estar no quarto e pus-me a escutar o que aconteceria. E então eis que os miados violentos da Pantufa, aos poucos, foram desaparecendo.

Lentamente fui abrindo a porta e até hoje lembro-me da cena que eu vi: a pequenina Lady de pé, em frente à Pantufa, enquanto esta colocava uma das suas patas sobre a cabeça da Lady.

Assim percebi, o quanto os gatos têm uma forma diferente de resolverem os seus conflitos.

Passado algum tempo, os bufos quase que desapareceram.

A Lady ia e vinha, enquanto que a Pantufa, segui-a com o olhar.


Por alguns dias, tentei evitar dar atenção às duas, mantendo-me até mais tempo fora de casa.

Aos poucos, a paz retornou e foi maravilhoso vê-las cada vez mais juntas.

A interação das duas foi tão maravilhosa que senti que a Pantufa deixou de estar tão ansiosa à minha espera como antes acontecia.

As duas estavam quase sempre juntas. Para comer, iam sempre juntas. E ao dormir, tenho uma foto que lhes tirei que agora partilho convosco:



Agora, ao lembrar de tudo o que aconteceu, percebo que a reação da Pantufa não foi de raiva.

Como disse nos artigos anteriores, nem sempre conseguimos compreender as reações dos gatos se as equipararmos às perceções humanas.

Nestes anos de convivência com os meus gatos, percebo que na maioria das vezes, julgamos mal os seus comportamentos.

E mesmo que convivamos com eles muito tempo, estaremos sempre muito longe de os conhecer por inteiro.

No entanto, ouso explicar um pouco do comportamento que a Pantufa teve ao ver uma nova gata em casa.

A Pantufa amava-me muito. O seu amor era tão intenso que não queria me repartir com ninguém. Outro gato em casa era um completo desrespeito ao amor que ela sentia por mim.

Penso que a Pantufa acabou por aceitar a Lady também por causa do amor que nutria por mim.

Eu mostrei-lhe que fiquei muito triste com ela por causa da sua agressividade comigo e com a Lady, deixando de falar com ela e não lhe fazendo festas.

Custou-me fazer isso, mas tinha de o fazer para mostrar-lhe que também a Lady precisava estar ali e que a casa dava para acolher as duas.


E depois a Lady tinha uma forma muito própria de apaziguar tudo à sua volta. Esse seu dom de fazer a paz e a concórdia revelou-se depois mais concretamente quando vieram outros gatos para a nossa casa.

Após os primeiros dias de muita inquietação, finalmente pude ir vendo que a Pantufa aceitou a Lady na sua companhia.

No entanto, o temperamento da Pantufa sempre foi muito complicado. Lembro-me que uma vez resolvi colocar uma coleira em cada uma delas. Como a Lady, era a mais fácil de aceitar novidades, pus-lhe primeiro a coleira.

Quando a pantufa viu que lhe tinha colocado a coleira, foi uma guerra tal que a Lady teve de fugir dela para debaixo da cama.

Tive de tirar a coleira da Lady o mais depressa que pude para que a paz voltasse entre as duas.

Estas reações da Pantufa perante novas coisas e cheiros sempre acompanharam os anos que se seguiram, impedindo-me de trazer novos gatos para casa.

Aliás, até a ida ao veterinário tornava-se também uma grande dificuldade, porém esse assunto prefiro alongar-me melhor no meu próximo artigo em que falarei das idas da pantufa ao veterinário que se tornaram verdadeiras aventuras de terror.

(continua no próximo artigo)