(Continuação do artigo anterior)
Quando cheguei a casa, após a morte da minha querida Pantufa,
senti uma espécie de vazio pois já não a via por ali a andar e a olhar para
mim.
Por sua vez, a minha outra gata Lady parecia perguntar-me:
- Então, e a Pantufa?
O coração em luto
fica com um espaço vazio. Porém, a vida continua para os que ficam. E se os
animais que morrem são agora uma estrelinha no céu, eles dali nos observam e
também nos perguntam:
- E então, vais parar agora?
Por isso, a morte da Pantufa, não foi o seu último capítulo
da sua história.
Aliás, a sua memória interminável tinha de prosseguir.
Apesar da morte da minha gata Pantufa ter sido um dos
momentos mais dramáticos da minha vida, percebi aos poucos, que ao perdermos um
animal de estimação, que adotamos com tanto amor, e que com o qual partilhamos
a nossa vida; a melhor forma de homenagear a memória destes anjos de quatro
patas, é dar uma nova oportunidade a outros que ali estão à espera de ser
adotados.
Se tivemos a oportunidade de amar e ser intensamente amados
por um animal, não podemos baixar os braços quando um deles termina o seu ciclo
de vida nesta terra.
Na altura da morte da Pantufa, tinha em minhas mãos a Lady,
a companheira que conviveu com a Pantufa quase dez anos. Esta gata de mais de
nove anos sofria com a inesperada separação que a morte apartou.
E foi assim, que passados alguns dias, eu e meu marido
voltamos à clínica veterinária onde faleceu a Pantufa e ali, aonde a Pantufa se
despediu de nós, resolvemos adotar outra gata.
Na altura, dissemos à veterinária, que era melhor se a nova
gata fosse adulta, pois a Lady que tínhamos em casa já era adulta. Também era
bom que esta nova gata não fosse territorial e aceitasse a companhia de outros
gatos. E para além disso, desejávamos que esta nova gata fosse cheia de afeto para
curar a nossa dor… Meu marido tinha uma doce memória de uma gata que tivera na sua infância, preta e branca, e assim, tínhamos em nosso coração um grande desejo de amar e adotar um novo gato para partilhar com ele, a nossa vida.
Quando se adota um gato já adulto, já se torna mais fácil
conhecer a sua personalidade. Quando já temos outros gatos em casa, temos de
ter esse cuidado de conhecer um pouco da personalidade do novo gato que
adotamos. E para além disso, adotar um gato já na idade adulta, oferece-nos
ainda a especial oportunidade de salvar um gato adulto, que merece tanto quanto
os mais pequeninos, de ter um lar que os acolha.
E então eis que a veterinária nos
levou para uma sala onde estavam vários gatos, especialmente adultos, todos a necessitar
de adoção…
Na altura, não sabia que haviam tantos gatos, especialmente
adultos, a necessitar de uma casa…
E no meio daqueles gatos, lá andava de um lado para o outro,
uma gata preta e branca.
Foi amor à primeira vista... Quando a colocamos no nosso
colo, ela pôs-se logo a ronronar… Parecia que os seus olhos amarelos nos
convidavam a abraça-la.
E então adotamos a Bia. Foi em 21 de dezembro de 2013.
Na altura ninguém imaginaria que um dia escreveria um livro
sobre ela... Sim, a Bia, aquela que mais tarde iria escrever o livro com o
título “Bia por um Triz”.
Foi a partir desse dia que comecei a conhecer a verdadeira
história dos gatos, especialmente os de rua.
A memória daquela sala com vários gatos a olhar-nos não mais
me saiu da cabeça.
Assim começou a nascer uma vontade no meu coração de
escrever uma história … uma história que fosse baseada em factos reais mas que também,
de uma forma simples, com linguagem acessível, retirasse os mitos e os preconceitos que, por vezes temos, com relação à personalidade dos gatos…
E foi nascendo no meu coração “Bia por um Triz”. E quem conta a história, não sou eu, mas a própria "BIA POR UM TRIZ".
Quando amamos, a dor da perda não nos abaixa os braços…
Temos de estar atentos aos acontecimentos da vida, mesmo o mais
dramáticos, para aprendermos com eles e assim, crescermos em nossa humanidade,
especialmente no respeito com os que nos rodeiam, com maior atenção aos mais
frágeis.
Passados estes anos, percebo cada vez mais que a Pantufa não
morreu em vão. Ali, naquela clínica onde ela se despediu de nós, começamos a
perceber um pouco da realidade dos gatos de rua, que até então, nos passava
despercebido.
Foi aqui, neste último capítulo de vida da Pantufa, que comecei
a escrever uma nova história…
A verdadeira história dos gatos…
Começou a nascer a história da “Bia por um Triz”.
(O livro “Bia por um Triz” será lançado no 26 de julho de
2017 pelas 18:30h no Chiado Café Literário – Porto, mas já se encontra disponível
nas livrarias Chiado em
www.chiadoeditora.com/livraria/bia-por-um-triz
Agradeço a todos que comparecerem neste momento especial para compartilharem o seu amor pelos gatos. Aos poucos, poderemos mudar as mentalidades e ultrapassar os preconceitos que ainda existem na adoção de gatos já adultos, especialmente os errantes.)
Agradeço a todos que comparecerem neste momento especial para compartilharem o seu amor pelos gatos. Aos poucos, poderemos mudar as mentalidades e ultrapassar os preconceitos que ainda existem na adoção de gatos já adultos, especialmente os errantes.)