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sábado, 15 de dezembro de 2018

E que a companhia nos aqueça neste inverno!



Na casa nova, Bia, jordan e Diana Riscas começaram a sentir uma mudança drástica na temperatura a que estavam habituados. A nova casa está numa zona mais rural, e por isso, mais longe da zona marítima e com um clima mais frio.

Se no apartamento, estavam recolhidos dos ventos e das chuvas, na nova casa, tudo isto voltou a fazer parte da sua realidade.

No caso da Diana Riscas, isto de chuva foi mesmo uma novidade! Ela foi recolhida ainda bebê e logo depois adotada por mim, e por isso, penso que ela nunca deveria ter sentido a chuva antes.

Para a Diana Riscas, a chuva pareceu-lhe muito estranha no início. Ela olhava para o céu e para as bordas do telhado como que a tentar ver se alguém lá estava encima a jogar-lhe água.


Hoje mesmo, ela miava-me a olhar para mim como que a dizer-me: - Deixa-me ir para o quintal e para-me a chuva, por favor!

Foi complicado convence-la que hoje, não poderia brincar no quintal como nos outros dias, porque choveu o dia todo.

O Jordan e a Bia não prescindem do seu passeio pelo quintal e até levam umas pingas de chuva… Mas depois, eis que a casa é mais quentinha, e voltam para o quarto para debaixo dos cobertores … Nestas alturas de muito frio percebo bem que o Jordan é o que sente mais frio e por isso, apesar de não saber a idade do Jordan, ele deve ser realmente o mais velho e por isso, já não está para andar na chuva como a Diana ou a Bia.


Penso que todo este movimento deles a andar no quintal tem sido muito importante para a sua saúde. O pelo deles está muito mais brilhante, macio, como que rejuvenescidos.  Fico mesmo feliz de vê-los assim, tão empolgados com toda esta liberdade e espaço. 

Também tenho percebido que eles já delimitaram o seu espaço no quintal que termina no portão e na vedação alta que tem ao redor da casa. 

Quanto à alimentação, nunca coloco no quintal para que os gatos da vizinhança não se sintam tentados a invadir o espaço que agora só se torna acessível pelo telhado. Tenho ensinado que a comida é sempre dentro de casa, e enquanto eles vão e vem, fazem exercício e vão perdendo peso.

Hoje, na companhia deles, sinto que o quanto muita coisa mudou, só pelo facto deles terem mais espaço e uma vida mais saudável ao ar livre, sem estarem fechados num apartamento.

Deixo-vos com o Diário de cada um deles:

“O céu é o limite aqui na nova casa e só me assusto quando um carro faz um barulho mais alto ou um cão ladra. No mais, logo pela manhã, é bom sentir o ar fresco do novo dia, mas sempre perto da minha tutora, pois só assim me sinto segura.” (Diário da Bia – Dezembro de 2018)


“Está mais frio agora e após dar a minha voltinha por todo o quintal, prefiro o calorzinho dos cobertores. Sim, vou até a vedação e fico a olhar a rua e para todos os lados, o mais longe que posso. Sou o gato da casa e preciso me manter atento. Tem caído uma chuva muito fria e por isso não me aventuro a molhar-me muito, pois preciso cuidar da minha saúde. Não gosto de ficar doente pois tenho medo de sair de casa e ir a veterinários. ” (Diário do Jordan – Dezembro de 2018).



“Ah, existe uma água que cai do céu… Não sei porque ela cai, e não dá jeito nenhum ela cair quando vou ao quintal. Está frio, mas não me importo. A chuva é que incomoda mais. Eu pedi à minha tutora para parar a chuva, mas ela não ouviu! Que eu saiba, não estou de castigo. Deixa-me sair, se faz favor que lá fora no quintal  é que está a diversão!

(Texto de autoria de Rosária Grácio)


Se gostou deste artigo e para acompanhar os próximos artigos, convido-lhe a seguir este blogue e a página do livro "Bia por um triz" em 


Para saber mais sobre o livro "Bia por um triz", veja uma pequena apresentação do livro em:


 O livro "Bia por um Triz" pode ser adquirido em

"A melhor forma de ajudar os animais é adotando-os."
(Rosária Gácio)

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

A janela da curiosidade




"Eu sabia que havia ali qualquer coisa que me lembrava a antiga casa... Sim, este cheiro que vem desta janela entreaberta é conhecido.

Ah, a minha tutora olha-me ao longe...  e diz-me: - Não vás aí!

Ela colocou uns troncos de madeira a fechar a janela.

Não consigo passar... ou consigo...

Ando para longe da janela com receio que a minha tutora me ralhe, mas não esqueço...

Meu coração me puxa a ver para onde dá aquela janela...

Enquanto minha tutora fala com a vizinha da casa da frente, entro pela janela adentro... E o cheiro aumenta... Este cheiro da casa antiga...

E lá dentro desço ao chão e de repente...
- Miau, miau, miau....

Tudo escuro e não aparece ninguém...
- Miau, miau, miau... 

Ah que medo, ouço a voz da minha tutora a me chamar, mas não vejo como sair daqui, deste lugar que tinha o cheiro da casa antiga, mas afinal era só uma caixa que aqui estava... 

Mais nada há aqui, nem está aqui o Jordan ou a Bia... E só há escuridão, frio, solidão...

Onde vou? Ah, que medo...

Escondo-me depressa num buraco que vejo ali...
E fico escondida... 

Abre-se a porta, ouço a minha tutora e a voz de uma vizinha a chamar-me...

-Não, nem pensar que aviso onde estou... E se a vizinha me agarrar? E se me tirarem da minha tutora... Não, daqui deste buraco não saio...

E fechou-se a porta! Cheia de frio esperei!!!! E Esperei!!!!

De repente, abre-se novamente a porta! Ao fundo, na claridade sinto que é a minha tutora!!!!

Ela chama-me mas tenho medo...

A minha tutora fecha a porta e fica lá dentro, chamando-me com aflição...

E só então, mio baixinho...

Foi assim que uma mão, a mão da minha tutora tenta me alcançar ...

Ah, mas daqui, não saio... Tenho medo!

A minha tutora tira tudo o que estava encima do buraco onde estou e vê-me ali tão encolhida...

E agarra-me...Eu mio baixinho, deixando-me acarinhar pela minha tutora...

Mas ela abre a porta... Será que vai me abandonar? Fico aflita, com medo...

Ela agarra-me com força enquanto fecha a porta da garagem...

E estou inquieta, deixa-me ir para casa... E vou...

A minha tutora deixa-me ir para dentro do portão da minha casa...E vou a correr...

Abre-se a porta e entro...

Ah, estou aliviada. Fui salva e resgatada pela minha tutora...

Mas que espaço é aquele?

Ah, ainda bem que aqui estou na minha casa, a nova casa, mas é esta a casa da minha tutora e basta-me!"
(Diana Ricas - Outubro/2018)

Neste artigo, Diana Riscas descreve o dia em que entrou na garagem da casa nova, ainda em obras, escondendo-se nas peças do  barbecue que ali estavam guardadas.

Os gatos são muito curiosos, e por isso, interessam-se por conhecer lugares e cantos da casa que ainda não conhecem. 

Assim sendo, de uma hora para a outra, metem-se em buracos, ou mesmo podem ir para a rua, sem necessariamente quererem sair da sua casa. 

Neste caso, a Diana Riscas queria apenas saber onde aquela janela do quintal iria dar, ainda mais que lá dentro haviam algumas caixas que tinham o cheiro da casa antiga. 

A Diana Riscas tem muito medo da rua, mas tem imensa curiosidade, e por causa da sua agilidade, facilmente desce e sobe grandes alturas. 

Por isso, tenho de estar atenta a ela, e neste caso, bastou eu falar um pouco com a minha vizinha da frente, para ela se meter dentro da garagem que ainda estava em obras. 

Deu-me uma grande aflição, e só tentando me lembrar para onde ela teria ido é que teimei em estar dentro da garagem por algum tempo, pois sei que a Diana Riscas não gosta de estranhos. 

Enfim, foi um grande susto, mas também percebo que para um gato, a curiosidade igualmente é algo que faz parte da sua personalidade felina. Por isso, temos de estar atentos, percebendo a personalidade de cada um dos nossos gatos e ao mesmo tempo, amá-los e compreendê-los, para assim ajudá-los da melhor forma.

Até o próximo artigo com beijinhos da Diana Riscas!

Texto de autoria de Rosária Grácio


terça-feira, 22 de agosto de 2017

Quando um gato deixa de comer – 2ª Parte




(Continuação do artigo anterior


A minha veterinária disse-me que quando um gato cisma que não quer comer, não come mesmo, pelo que é preciso estar atento ao que nossos gatos comem ou bebem.

Mas, afinal o que fez a minha Diana Riscas comer e beber menos?

Esta situação da Diana deixar de comer deixou-me perplexa. Sempre deixo comida e água à disposição dos meus gatos. 

Por vezes, acho que coloco comida a mais, o que também não é bom.

A minha veterinária chamou-me a atenção de que os meus gatos estavam a ficar com peso a mais, por isso, comecei a dar menos comida húmida. Gatos obesos tendem a ficar com problemas de saúde, especialmente com o passar dos anos. Estava preocupada com isso.

Nos nossos dias de férias, a Pet-Sitter dava apenas um saqueta de comida húmida por dia, e assim, também eu, quando voltei das férias, continuei a dar-lhes a mesma dosagem, para que se habituassem a comer menos comida húmida e assim perdessem um pouco de peso.

A Diana Riscas tinha-se habituado muito com a alimentação húmida, mas ela precisava de se habituar também a comer mais ração seca. Com 2 anos de idade, a Diana já era uma gata adulta.

Coloco sempre comida e água à disposição dos meus gatos porque já reparei que cada qual tem a sua forma de se alimentar. 

A Bia quase sempre se alimenta poucas vezes ao dia pois ela dorme a maior parte do tempo.

A Diana Riscas, por sua vez, vai muitas vezes comer e beber.

O Jordan também dorme a maior parte do tempo, mas quando ele vai comer, a Diana Riscas gosta de acompanha-lo.

Porém, sem conseguir explicar o porquê, a minha pequena Diana estava desidratada, como se não bebesse água. E ao mesmo tempo, também não tinha comido o suficiente.

Não faz qualquer sentido um gato, ter o comer e não comer, ter o que beber e não beber.

A minha pequena gata ficou internada na clínica a soro e para tomar a medicação. Como ela estava agressiva com os outros gatos da casa, ficar internada, também a faz descansar mais pois fica com menos stress.

Durante toda a viagem de comboio a Lisboa para ser entrevistada no programa “Juntos à tarde” na SIC para falar do livro “Bia por um triz”, perguntava-me muitas vezes porque a minha Diana Riscas tinha alterado a sua vontade de comer e de beber.


Era esta pergunta que me vinha à cabeça sem parar… Aliás, precisava perceber o que estava errado... A alteração de alimentação pode causar alguns problemas aos gatos. Penso que os gatos criam suas rotinas, especialmente na companhia dos seus tutores.

Foi então que lembrei dos dias de férias que estivemos ausentes de casa. Lembrei do quanto a Diana Riscas é apegada a mim. O único motivo para que a minha pequenina Riscas deixasse de comer, só seria por saudades de nós.

Quando vi o João Baião nos bastidores, antes da entrevista, acabei por desabafar-lhe que estava preocupada com a minha pequena Diana Riscas e contei-lhe um pouco do que tinha acontecido.

E foi assim, que durante a entrevista, o João Baião recorda-me, e bem, este facto da Diana ficar sem comer porque também os cães entram em depressão.


O apresentador João Baião tem grande sensibilidade para com os animais, cuidando deles com grande carinho e isso é bem conhecido do público.


Ouvir o João Baião falar-me deste sentimento que é a depressão, por vezes, também se manifestar nos animais, foi assim como que um "clic", dando-me a resposta a todas estas interrogações, que estava a ter com relação à minha Diana Riscas.


E foi aí que compreendi o que provavelmente se passara com a minha pequena Diana. Já não é a primeira vez que soube que um gato deixa de comer por algum motivo, quase sempre relacionado com o afeto que tem pelo seu tutor.

Os gatos são surpreendentes!

Há quem diga que eles são independentes e mal ligam aos humanos com os quais partilham a casa. Porém, mais uma vez, essas teorias não passam de falsos mitos que, por vezes, são associados ao temperamento dos gatos. Esta minha experiência prova que eles são realmente dependentes de nós…

Provavelmente, durante aqueles dez dias de férias, a Diana Riscas só se alimentava quando a Pet-Sitter lá aparecia. E os dias foram passando. 

A nossa chegada das férias e mais o facto de lhe dar menos alimentação húmida, provavelmente a fez comer menos, e talvez ainda mais, por ela associar a alimentação húmida à atenção que lhe dou todos os dias.



Quando partilhei isso com a minha veterinária, esta me deu razão, porque as saudades que os gatos têm de nós pode ser tamanha, que eles realmente deixam de comer e de beber.

Outro pormenor que a veterinária me alertou foi o facto dela começar a comer menos quantidade de alimentação húmida, que a fez ingerir menos água já que este tipo de alimentação dá-lhes alguma quantidade de água a que eles se acostumam. E ao comer menos, menos bebem.

Na quarta-feira seguinte, dia 16 de agosto, a minha Diana Riscas teve alta e voltou para casa. 

Durante estes últimos dias, tenho lhe dado a medicação prescrita para que o seu fígado volte a funcionar regularmente.


Nos primeiros dias, tinha de colocar comida no pelo e no focinho para ela ter mais fome e assim comer mais.

Foram dias de muita atenção para com ela, acabando-lhe por lhe dar a comida húmida, especialmente após tomar a medicação para ela sentir que é premiada e assim não desgostar tanto de tomar a medicação.

Nos primeiros dias, ainda houverem bufos aqui e ali entre a Diana e o Jordan e a Bia.

Aos poucos, a paz foi retornando à nossa casa e felizmente, hoje sinto que a Diana já está a comer várias vezes como antes fazia. 

A medicação ainda irá durar por alguns dias e preciso estar atenta.

A sensibilidade de um gato é extremamente grande e por isso, a tristeza e a saudade também pode mata-los.

Porém, o amor cura tudo. Amo-te minha querida Diana Riscas!


Veja e ouça a entrevista completa feita a Rosária Grácio no programa "Juntos à tarde" no dia 14/08/2017, com os apresentadores Rosária Grácio e Rita Ferro Rodrigues em 
sic.sapo.pt/Programas/juntos-a-tarde/historias-de-4-patas/2017-08-14-Historias-de-4-Patas---Livro-Bia-por-um-Triz.mp4

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Quando um gato deixa de comer - 1ª Parte



Há cerca de quinze dias, eu e meu marido fomos de férias por cerca de dez dias, deixando uma pet-sitter para ir diariamente ver os nossos três gatos que deixamos em casa.

Parecia tudo muito bem, até voltarmos de férias e passados alguns dias, a minha Diana Riscas andar a bufar à Bia e ao Jordan sem motivo aparente.

Diana Riscas já é uma gata adulta e querer mandar nos outros dois gatos mais velhos não seria novidade alguma, disse-me a minha veterinária.

Porém, temos de estar atentos a todos os pormenores, pois nem sempre o que parece é, no mundo dos gatos.


Percebi que a pequena Diana não atacava a Bia e o Jordan, antes queria se afastar destes.

E depois, cada vez mais escondidinha a um canto, reparei que mal comia e nem se aproximava das taças de água que tenho à disposição dos meus felinos.

Como está gordinha, a conselho da veterinária, precisava diminuir as latinhas da comida húmida pelo que comecei a reduzir para uma por dia.

Porém, a minha Diana Riscas estava mesmo com aversão a qualquer contacto com outros gatos e o Jordan que a ama tanto nem podia chegar perto dela.


Aos poucos, fui percebendo que a Diana não queria estar com os outros gatos. Deixava-se agarrar por nós, humanos, aconchegava-se, mas mal a Bia ou o Jordan apareciam, era uma guerra de bufos e rosnos.

Os bufos eram tão fortes e violentos que decidi colocar a Diana Riscas num quarto separado durante a noite, colocando-lhe água e comida e só assim conseguimos dormir tranquilos.

O Jordan chorava à porta do quarto à espera dela mas depois descansou e o silêncio voltou à nossa casa.

O que mais me intrigou foi o facto da Diana não fazer qualquer barulho do outro lado para sair do quarto, o que seria de esperar num gato que gosta de estar em toda a casa.

No dia seguinte, fui ver a Diana Riscas e esperava que ela estivesse com vontade de sair do quarto, mas a minha admiração foi maior quando a vi dentro da transportadora quieta a um canto.

Os seus olhinhos pareciam me dizer: 
- Leva-me por favor para o veterinário!

Realmente, um gato estar quieto em uma transportadora, não é normal. 

Reparei que ela não tocou na comida durante a noite, o que era mais estranho ainda.

De imediato, eu e meu marido levamos a Diana Riscas à sua veterinária. Então, lá chegando, verificou-se que a sua temperatura não estava muito boa e que o melhor era fazer um exame de sangue e ficar internada com soro pois parecia desidratada.

Quando a veterinária teve o resultado dos exames, ela explicou-me um pouco do que estava a acontecer com a Diana Riscas:

Por alguma razão, Diana Riscas não estava a comer o necessário porque a ureia estava baixa. E para além disso, também não bebeu água  o suficiente e ficou desidratada.


Diana Riscas como já estava um pouco gordinha, ao comer pouco, o corpo foi buscar a gordura armazenada, sobrecarregando o fígado. As enzimas do fígado aumentaram, o que lhe causou desconforto e enjoo, comendo cada vez menos e se refugiando dos outros gatos. Algo assim parecido acontece quando nós estamos com uma crise de fígado.

E assim, a Diana Riscas teve de ficar internada na clínica a partir daquele dia de sábado quando a levamos para ser consultada.

(Continua no próximo artigo)


quarta-feira, 19 de julho de 2017

Quando amamos, a dor da perda não nos abaixa os braços…


(Continuação do artigo anterior)

Quando cheguei a casa, após a morte da minha querida Pantufa, senti uma espécie de vazio pois já não a via por ali a andar e a olhar para mim.

Por sua vez, a minha outra gata Lady parecia perguntar-me: -  Então, e a Pantufa?


 O coração em luto fica com um espaço vazio. Porém, a vida continua para os que ficam. E se os animais que morrem são agora uma estrelinha no céu, eles dali nos observam e também nos perguntam: 
- E então, vais parar agora?

Por isso, a morte da Pantufa, não foi o seu último capítulo da sua história.

Aliás, a sua memória interminável tinha de prosseguir.

Apesar da morte da minha gata Pantufa ter sido um dos momentos mais dramáticos da minha vida, percebi aos poucos, que ao perdermos um animal de estimação, que adotamos com tanto amor, e que com o qual partilhamos a nossa vida; a melhor forma de homenagear a memória destes anjos de quatro patas, é dar uma nova oportunidade a outros que ali estão à espera de ser adotados.

Se tivemos a oportunidade de amar e ser intensamente amados por um animal, não podemos baixar os braços quando um deles termina o seu ciclo de vida nesta terra.

Na altura da morte da Pantufa, tinha em minhas mãos a Lady, a companheira que conviveu com a Pantufa quase dez anos. Esta gata de mais de nove anos sofria com a inesperada separação que a morte apartou.

E foi assim, que passados alguns dias, eu e meu marido voltamos à clínica veterinária onde faleceu a Pantufa e ali, aonde a Pantufa se despediu de nós, resolvemos adotar outra gata.

Na altura, dissemos à veterinária, que era melhor se a nova gata fosse adulta, pois a Lady que tínhamos em casa já era adulta. Também era bom que esta nova gata não fosse territorial e aceitasse a companhia de outros gatos. E para além disso, desejávamos que esta nova gata fosse cheia de afeto para curar a nossa dor… Meu marido tinha uma doce memória de uma gata que tivera na sua infância, preta e branca, e assim, tínhamos em nosso coração um grande desejo de amar e adotar um novo gato para partilhar com ele, a nossa vida.

Quando se adota um gato já adulto, já se torna mais fácil conhecer a sua personalidade. Quando já temos outros gatos em casa, temos de ter esse cuidado de conhecer um pouco da personalidade do novo gato que adotamos. E para além disso, adotar um gato já na idade adulta, oferece-nos ainda a especial oportunidade de salvar um gato adulto, que merece tanto quanto os mais pequeninos, de ter um lar que os acolha.  

E então eis que a veterinária nos levou para uma sala onde estavam vários gatos, especialmente adultos, todos a necessitar de adoção…

Na altura, não sabia que haviam tantos gatos, especialmente adultos, a necessitar de uma casa…

E no meio daqueles gatos, lá andava de um lado para o outro, uma gata preta e branca.




Foi amor à primeira vista... Quando a colocamos no nosso colo, ela pôs-se logo a ronronar… Parecia que os seus olhos amarelos nos convidavam a abraça-la.

E então adotamos a Bia. Foi em 21 de dezembro de 2013.

Na altura ninguém imaginaria que um dia escreveria um livro sobre ela... Sim, a Bia, aquela que mais tarde iria escrever o livro com o título “Bia por um Triz”.


Foi a partir desse dia que comecei a conhecer a verdadeira história dos gatos, especialmente os de rua.

A memória daquela sala com vários gatos a olhar-nos não mais me saiu da cabeça.

Assim começou a nascer uma vontade no meu coração de escrever uma história … uma história que fosse baseada em factos reais mas que também, de uma forma simples, com linguagem acessível, retirasse os mitos e os preconceitos que, por vezes temos, com relação à personalidade dos gatos…

E foi nascendo no meu coração “Bia por um Triz”. E quem conta a história, não sou eu, mas a própria "BIA POR UM TRIZ".

Quando amamos, a dor da perda não nos abaixa os braços… 

Temos de estar atentos aos acontecimentos da vida, mesmo o mais dramáticos, para aprendermos com eles e assim, crescermos em nossa humanidade, especialmente no respeito com os que nos rodeiam, com maior atenção aos mais frágeis.

Passados estes anos, percebo cada vez mais que a Pantufa não morreu em vão. Ali, naquela clínica onde ela se despediu de nós, começamos a perceber um pouco da realidade dos gatos de rua, que até então, nos passava despercebido.

Foi aqui, neste último capítulo de vida da Pantufa, que comecei a escrever uma nova história…

A verdadeira história dos gatos…

Começou a nascer a história da “Bia por um Triz”.




(O livro “Bia por um Triz” será lançado no 26 de julho de 2017 pelas 18:30h no Chiado Café Literário – Porto, mas já se encontra disponível nas livrarias Chiado em 
www.chiadoeditora.com/livraria/bia-por-um-triz

Agradeço a todos que comparecerem neste momento especial para compartilharem o seu amor pelos gatos. Aos poucos, poderemos mudar as mentalidades e ultrapassar os preconceitos que ainda existem na adoção de gatos já adultos, especialmente os errantes.)