(Continuação do artigo anterior)
Mal cheguei a casa, mostrei à Pantufa onde estava a comida,
a água e o caixote com areia; conforme me tinha sido ensinado pelo meu namorado Paulo, que já tinha mais experiência na adoção de gatos do que eu.
Pensava que a pequenina Pantufa iria cheirar a casa nova como via fazer os cães que foram adotados pelos meus pais.
No entanto, os gatos ficam estressados com os novos ambientes e os seus cheiros
desconhecidos. Eles precisam de algum tempo para se ambientarem em novos locais e por isso eles não gostam muito de mudanças. É normal que os gatos se escondam nos seus primeiros dias numa
nova casa.
Porém, a minha Pantufa foi a primeira gata que adotei. Ainda
sabia tão pouco da personalidade dos gatos.
E então a Pantufa,
mal se viu livre das minhas mãos, correu para algum canto da casa que não pude
ver. Mas deixei-a à vontade. Estava feliz, mas também muito ansiosa com o que eu e a Pantufa
iríamos partilhar em casa.
Lembro-me que tive de voltar ao trabalho, e quando cheguei à
noite, reparei que ela já tinha se alimentado da comida que lá tinha deixado,
mas nada de a ver.
Um ou dois dias passaram e não tinha a mínima ideia aonde a minha pequenina
Pantufa se tinha escondido. Fiquei muito preocupada por não a ver. Apesar do meu namorado Paulo dizer-me
que era normal eles se esconderem de nós nos primeiros dias, não ficava tranquila ao
chegar a casa e não a ver.
Apesar de ver que ela se alimentava pois a ração
que deixava antes de sair de casa diminuía, o meu coração ficava ansioso por
não a ver. Queria dar-lhe um pouco de leite próprio para gatos conforme me tinham dito para fazer.
Quando o Paulo veio jantar ao fim de semana, estava realmente
muito nervosa por não a ver.
Será que está doente? Será que ela tem tanto medo
de aparecer que vai ficar perdida a um canto da casa e morrer à fome?
Então dedicamo-nos a tentar descobrir onde ela estava.
Fomos aos armários, às gavetas, aos cantos aqui e ali para
ver se a descobríamos. Nada!
E então eis que a descobrimos aonde nunca desconfiávamos...
Na minha sala havia uma enorme estante, onde estava a televisão e
o computador, com duas cristaleiras laterais.
Ali, atrás daquele monstro de madeira, encolhida num canto
frio, lá vi seus olhos amarelos a luzir. Arrastamos o móvel pesado, e lá a
agarrei, colocando-a no meu colo. O seu coração batia depressa. Dei-lhe algum
leite de gato a beber, fiz-lhe festas e aqueci-a com alguns paninhos que
estavam perto.
Não compreendia muito bem porque ela fugia de nós. Mas o gato precisa saber que é amado e
querido para que possa demonstrar todo o seu afeto.
E para que ela não voltasse a esconder naquele canto,
tapamos os buracos por onde ela pudesse passar.
Não podia estar tranquila se não a visse.
Todos os dias chegava a casa e a primeira coisa que pensava
era ver onde ela estava.
Claro que ela deixou de ir para trás da estante, mas
encontrou outros lugares mais acessíveis e facilmente era descoberta e assim
chamava-a.
Aos poucos ela se foi mostrando e aproximou-se cada vez
mais.
Porém notei, que quando o meu namorado Paulo vinha a casa, ela
escondia-se.
(continua no próximo artigo)
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