Na nova casa, alguns
vizinhos ficam entusiasmados de ver o Jordan sempre afável e carinhoso para com
todos. Estranhos ou não, lá vai ele cheirar e roçar-se um pouco na roupa, e às
vezes, se não lhe dão atenção, com a pata, começa a pedir mimos como que a
dizer: - Estou aqui, não me fazes festas?
Num desses dias,
um vizinho que me veio visitar disse:
“- Ah, se o meu
gato fosse tão meigo quanto o seu!”
Realmente ver
assim o gato Jordan, que ultimamente tem sido apelidado de gato-cão, por ser tão
grande e andar sempre atrás das pessoas, que cá vem a casa, não imagina como ele
chegou até nós, e nem como foram os primeiros tempos do Jordan conosco.
Quem vê agora o
Jordan, deve pensar que um gato se torna assim meigo por acaso, ou porque
sempre foi assim, e por isso o adotamos.
Por isso vou
contar um pouco de como o Jordan apareceu na nossa vida…
Depois de
adotarmos a Bia, percebemos que tínhamos em casa duas gatas muito sociáveis.
Foi para nós impressionante como que a Bia, adotada já adulta, e sendo uma gata
de rua, deu-se tão bem com a Lady, também adulta e adotada de pequenina e que
estava na nossa casa já há mais de dez anos. Eu já contei um pouco de como foi essa história de amizade entre a Bia e a Lady neste blogue. Se ainda não leu estes artigos, convido-lhe a conhecer esta linda história clicando aqui.
Por isso, ao ver que tudo
correu tão bem entre a Bia e a Lady, resolvemos adotar outra gata… pelo menos, essa era a nossa intenção…
Quando fomos ver
alguns gatos já adultos para adoção, um especialmente, de cor cinza e olhos
azuis, agarrou-se ao meu marido, com tanto carinho que parecia já nos conhecer
há muito tempo…
Mas era um gato e
não uma gata.
Meu marido tinha adotado
em seus tempos de criança, um gato, que por vários motivos, talvez até a falta
de castração que na altura ainda não era muito divulgada, fez muitas asneiras
em casa, especialmente xixi fora da caixa, obrigando a que o gato fosse dado a outra família com um quintal por causa da sua “falta de higiene”.
E assim, o meu
marido e seus pais só adotaram gatas desde esta má experiência com gatos machos…
Porém, quando
aquele gato cinzento abraçou o meu marido, e por mais boa impressão que ele
causou, não foi o suficiente para o adotarmos.
Voltamos para
casa.
Porém, os dias passaram, e a imagem daquele gato que se abraçou ao meu marido
não nos saiu mais do pensamento.
Por mais que
quiséssemos evitar, não foi possível esquecer a ternura daquele grande gato
cinzento, já adulto que ali estava para adoção.
E foi assim que
adotamos o Jordan.
Apesar do imenso
carinho que o Jordan dedicou-nos no primeiro contacto, depois que chegou a
nossa casa, tornou-se um gato reservado e de poucas festas.
Mal chegou em
casa, deu-se logo bem com a Bia e a Lady, e já todos dormiam juntos passada a
primeira semana.
O Jordan é um
gato muito sociável com novas gatas especialmente. Atualmente, é o único que já
cumprimenta e se dá com a Marina, a mais nova da casa.
Claro que outros
gatos virem ao nosso quintal, isso já é outra história… Mas desde que conheço o
Jordan, ele gosta muito de gatas, mesmo sendo novas na casa …
Mas voltando ao
tempo em que o Jordan foi adotado, posso dizer que nos admiramos
bastante pelo facto de em casa ter-se tornado um gato mais isolado das pessoas,
especialmente as estranhas que nos vinham visitar.
Mesmo quando lhe
damos o nome, só se dava pelo “psssppsss” como se faz aos gatos de rua.
Sim, o Jordan
também andava na rua, antes de ser colocado para adoção. Não se sabe bem a idade dele porque já era adulto quando foi encontrado a vaguear num parque de merendas como nos disseram.
Outra peculiaridade
é que o Jordan detestava estar ao colo. Quando o tentávamos agarrar ao colo,
estremecia e dava um salto que até podia nos magoar com as unhas.
No início, o
Jordan também tinha o vício de morder, especialmente as outras gatas quando
estavam aonde ele queria estar. Ou então, se brincávamos muito com ele, de uma
hora para a outra, nos mordia.
Com o tempo, eu
comecei a usar a frase “Não faz!” que é a frase que eu uso para indicar quando
os meus gatos fazem algo que não gosto. Depois de lhe dizer “não faz” algumas
vezes, fico sem olhar ou fazer carinho ao gato que fez algo de errado, por algum
tempo, para que ele perceba que não gostei do que ele fez.
Foi assim que o
Jordan foi percebendo que quando se portava bem, ganhava carinho, e quando se
portava mal, era ignorado.
Aos poucos, o Jordan
foi se deixando estar ao colo, cada vez mais, por mais tempo.
Depois foi interagindo
conosco de uma maneira totalmente diferente do que faz as outras gatas.
O jordan, quando
precisa de algo, faz questão de colocar a pata para nos dizer que está ali.
No início, quando
ele colocava a pata, magoava-nos, pois o Jordan é um gato robusto e suas unhas
são aguçadas. Mas aos poucos, fui dizendo
que “assim, não!” e, após várias tentativas frustradas, ele aos poucos percebeu
como colocar a pata sem nos magoar.
Apesar de vez em quando,
esquecer-se e ainda abrir a boca para querer morder, depois de lhe dizer-lhe: -
Para!, não chega a morder, quando se apercebe que vai magoar-nos ou magoar a
Bia ou a Diana.
Nos últimos
tempos, tenho percebido que o Jordan cada vez mais quer o seu espaço junto a nós,
pedindo o seu momento de mimos, deixando-se no colo como se ainda fosse um bebé
…
Gosta imenso de festas na sua barriga e no pescoço. E quando dou por mim, ele
agarra com as patas a minha mão para adormecer assim enroscado, com a barriga
para cima, parecendo sorrir de contentamento…
Por que o Jordan
se tornou este gato tão meigo?
Penso que os
gatos são capazes de mudar o seu comportamento porque nos amam… O Jordan é um bom exemplo disso. Se olharmos
para o Jordan, ele é um gato muito grande e forte, com afiadas garras, e não
deixa que lhe cortem as unhas.
O Jordan não
gosta de medicamentos, e nem de veterinários… Houve uma altura em que levei o
Jordan a um veterinário que teve medo de lhe dar a vacina e perguntou-me: - Ele
é dócil? E nem lhe conseguiu dar o desparasitante, porque percebeu que o Jordan
só confia em nós e torna-se desconfiado de quem se aproxima e não conhece.
Por isso, se o
Jordan é um gato dócil, é porque nos ama tanto que não nos quer deixar, e nem
quer que o deixemos. Penso que este é o segredo de um gato dócil.
Ame o seu gato e
dê o tempo que ele precisa para que ele perceba que pode confiar em si e tenho
certeza que vai se surpreender …
Eu, pessoalmente,
cada vez mais me surpreendo com o Jordan e penso que esta história de um gato que
era desconfiado e depois lentamente tornou-se um gato companheiro não é única…
Por isso, espero que esta partilha de vida
possa fazer de muitos “Jordan” que andam aí abandonados à sua sorte, por serem
ariscos e desconfiados, talvez sejam na verdade, gatos tão dóceis que apenas escondem o que são por
medo e falta de confiança no amor humano.
Beijinhos do
Jordan, da Bia, da Diana e da Mariana.
(Texto de autoria de Rosária Grácio)
Se gostou deste
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"A melhor
forma de ajudar os animais é adotando-os."